"Agora só falta você"

 

Dentre as alvissareiras notícias que recentemente vem de Charqueadas, queria destacar três do mês de janeiro: revitalização da Praça da Bíblia e do Prédio das Bandeiras e modernização do Parcão. Três importantes equipamentos públicos que muito contribuem para a qualidade de vida de nossa população, possibilitando qualificada e saudável interação social.

 

A primeira é um investimento da prefeitura que, depois de concluída, será conservada pela Associação de Pastores; a segunda, uma parceria de 100 mil reais com o governo do Estado; e, na terceira, serão 12 mil reais da prefeitura e 388 mil do governo federal, via emenda parlamentar da deputada federal Reginete Bispo (PT). Se formos contar o que custará a reforma da Praça da Bíblia, será mais de meio milhão de reais de dinheiro público muitíssimo bem aplicado, meus parabéns a todos os evolvidos.

 

Bem, mas como cidadão charqueadense eleitor e contribuinte (em dia com o IPTU) queria dizer que senti falta de algo nesse mar de boas novas. Trata-se de um prédio que, além de ficar no Parcão, indo nele podemos encontrar bíblias e livros sobre bandeiras. Tudo a ver, não é mesmo? Claro! Escrevo a favor da Biblioteca Pública Municipal Professora Vera Maria Gauss, um importante equipamento público municipal que há muito necessita de adequações e reformas, algumas delas prementes. Um prédio que, não tenho dúvida alguma, se tivesse sido concluído conforme o projeto inicial, seria hoje nosso cartão postal e, caso fosse contemplado em suas necessidades urgentes, tornar-se-ia, no mínimo, um de nossos cartões de visitas.

 

Claro que eu não pediria para prefeito algum sua conclusão, ou seja, a construção dos dois pisos que faltam, o que justificaria o nome original de Torre do Saber, que, aliás, está na placa fixada na parede à entrada, de quando a Copelmi fez o primeiro pavimento, num acerto de contas com a prefeitura. Agora, as adequações e reformas, desculpem-me, mas isso é algo viável e que deveria ser realizado com verba da prefeitura, em convênios com os governos estadual ou federal ou mesmo via uma emenda parlamentar de um deputado amigo, como foi o caso das ações acima mencionadas.

 

Além de cidadão contribuinte e eleitor, sou também um leitor e escritor que, por muito usar o referido equipamento público cultural, sabe muito bem da sua importância. Trata-se de um equipamento socialmente vivo, onde muita coisa acontece (recordam do Livro Humano, por exemplo?) e que muita gente frequenta, inclusive o pessoal das escolas em diversas atividades de leitura com seus alunos. Fora os leitores que lá vão ler e retirar livros por empréstimo, temos os que doam obras para o acervo, alguns deles familiares de saudosas personalidades charqueadenses, algo emocionante de assistir. A Associação de Literatura de Charqueadas (ASLIC) ali realiza boa parte das atividades do Sarau Literário de Charqueadas, evento da Agenda Cultural de Charqueadas que acontece anualmente em outubro. O Clube do Livro de Charqueadas se encontra na biblioteca toda terceira quarta-feira de cada mês, a fim de debater livros que fazem parte de seu acervo. Poderia falar de muitas outras coisas que suas funcionárias viabilizam para a comunidade, mas fiquemos por aqui para não alongar em demasia esse necessário textão, perdendo o foco.

 

E do que a Biblioteca Vera Gauss precisa? Em primeiro lugar, possui dois problemas estruturais crônicos: parte elétrica e telhado. Uma coisa está ligada à outra, pois as infiltrações pelo teto (não esqueçam do que escrevi acima, que o projeto era outro e, portanto, o telhado é um improviso de décadas) atingem a fiação interna, tanto que boa parte das lâmpadas e tomadas não podem ser utilizadas, devido ao perigo. Ainda nesse ponto, a água que cai pode estragar os livros, o que ainda não ocorreu devido ao trabalho das funcionárias, zelosas pelo acervo.

 

Feito isso, poderemos então pensar em duas coisas que em muito contribuiriam para tornar o local mais eficiente e agradável: um sistema informacional virtual que permita uma melhor catalogação de todo o acervo, além de um sistema de ar condicionado adequado. O prédio, durante os rigores do verão e inverno, replica em seu interior grande parte da temperatura externa, o que obviamente afasta os leitores do mesmo, diminuindo sua utilização. E, da mesma forma, para os livros. Sim, para os livros, ar condicionado para os livros, eis que a temperatura ambiente devidamente climatizada é essencial para a conservação dos impressos, o que é um dos objetivos de se ter uma biblioteca municipal.

 

Poderíamos igualmente nos referir sobre algo que deveria ser frequente, como a aquisição de livros, principalmente de autores e autoras charqueadenses e da região Carbonífera, para incrementar esses títulos que são, em princípio, uma das tarefas mais próprias e específicas da Biblioteca Vera Gauss. Ou até mesmo uma pintura nova, deixando o prédio mais atrativo. Recentemente, devido a um show musical, refez-se a pintura do WC público municipal, o que, claro, é uma necessidade, pois as pessoas precisam ter, no Parcão, um lugar agradável onde fazer suas necessidades fisiológicas. Mas, além das partes baixas, há necessidade de atender visualmente à necessidade da parte alta, tornando-a atrativa, mesmo livro não sendo papel higiênico, não é mesmo?

 

Ah, a propósito, já ia esquecendo: a biblioteca, frequentada por meninas e meninos, só tem um WC funcionando, que virou unissex. Pode? Não, né gente! Tem de ter um banheiro pra meninos e outro pra meninas, pelo menos. Onde já se viu? Quanto custa ajeitar um WC, pelo amor de Deus?

 

Era isso. Espero não ter incomodado ninguém com minhas observações, mas ajudado a Biblioteca Pública Municipal, que leva o nome de uma das boas professores de Português e Literatura que tive na vida, quando estudei Desenho Mecânico no Assis Chateaubriand, a saudosa Vera Gauss.

 

Quando chegará a vez da biblioteca? Agora só falta ela!