INFELIZES

Essa vida é uma escola.

Passamos por ela como um estágio para nossa verdadeira vida espiritual.

O corpo é um grande complicador.

O corpo sente muitas coisas e exige muitas coisas.

Estamos presos à matéria e aos sentimentos menores.

Temos fome e ódio. Temos prazer e ansiedade.

É como se fôssemos obrigados a aprender a pilotar um cart como treino para pilotar um carro de fórmula 1.

Quase tudo pelo que passamos e sentimos são vaidades.

Quase tudo pelo que trabalhamos são vaidades.

Quase tudo o que recebemos pelo nosso trabalho é críticas e ingratidão.

Mesmo assim a regra é clara: não podemos desistir. Devemos cumprir a nossa missão até o fim.

Quase sempre criamos atalhos, desviamos do melhor caminho.

Quase sempre encontramos desculpas.

Negamos para nós mesmo aquilo que não temos coragem de enfrentar.

Nos fazemos de vítimas quando estamos sobre pressão.

Jogamos a culpa nos outros sempre que a vida exige de nós mais coragem para dialogar.

Nosso orgulho nos impede de recomeçar.

Nosso orgulho nos deixa fracos para assumir nossas fraquezas.

Nosso orgulho nos deixa fracos para crescermos.

Enquanto isso a vida passa e seremos mais um entre os milhões de pessoas infelizes.

Não temos certeza que teremos outra reencarnação para começar tudo de novo.

Não temos certeza que estaremos vivos para resolver nossos problemas amanhã.

Só temos certeza que somos infelizes.

Infelizes e fracos assumidos, deixamos nossas responsabilidades para os outros.

Deixamos os filhos.

Deixamos os netos.

Largamos o trabalho.

Continuamos tristes e fugindo da vida.

Buscamos mecanismos de fuga.

Fugimos da vida toda vez que nos sentimos tristes.

E a vida continua.

Tic tac, tic tac, tic tac

Valdecir Bortolossi
Enviado por Valdecir Bortolossi em 23/01/2024
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