Rabiscando Arengas
ENQUANTO a cidade dorme, exceto as exceções de praxe, eu rabisco minhas arengas num caderno espiral. Ouço vozes de pessoas que passam, ruídos de veículos, latidos de cachorros, mas não me distraio do ato de rabiscar.
No entanto faço alguns breques e penso que enquanto escrevo pessoas sofrem desilusões, dores, injustiças, alguns miseráveis e até crianças dormem enroladas em trapos deitadas em pedaços de papelão debaixo de marquises depois de remetem nos lixos procurando restos de comida deteriorada para comer.
Penso também na mocinha que trabalha como doméstica e é assediada por um patrão tarado e canalha. Também me vem à mente o drama do trabalhador desempregado que está insone e desesperado porque não pode levar comida para a família.
Paro de escrever é lembro da frase de Malraux: “Há mais dores no mundo do que estrelas no céu”. Mas volto s rabiscar, só que sinto os olhos cansados. É hora de dormir. Rezo a Deus para ter bons sonhos e não pesadelos. William Porto. Inté.