Blablablá

SEMPRE que me deparo com uma nota diplomática emitida por qualquer governo, noto que se trata de algo enrolado, meia verdade e muita hipocrisia, permeada pelo óbvio ululante. Em outras palavras: é um blábláblá. Uma espécie de fake.

Quase todas são prolixas e cheias de palavrinhas inúteis. Nunca sai notas concisas e claras. Objetivas. Sem nenhuma dúvida os ministros das relações exteriores dos países e seu corpo diplomático são especialistas em enrolação. Não raro dizem o contrário do que pensam ou não dizem nada.

Foi Machado de Assis, o Bruxi de Cosme Velho, que melhor dissecou essas notas diplomáticas. São palavras dele:

“Uma nota diplomática é semelhante a uma mulher da moda. Só depois de se despojar uma elegante de todas as fitas, rendas, joias, saias e corpetes, é é que se encontra o exemplar não correto nem aumentado da edição da mulher, conforme saiu dos prelos da natureza. É preciso desataviar uma nota diplomática de todas as suas frases, circonlovuçoes, desvios, adjetivos e advérbios para tocar a ideia capital é a intenção que lhe dá origem”.

Melhor explicação impossível, com toda certeza. William Porto. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/01/2024
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