O SONHO DO PRIMEIRO LIVRO PUBLICADO


Em Mercado Literário, no fórum deste RL, há um tópico (O Sonho do Primeiro Livro Publicado) cujo tema, por certo, sempre inquietou tanto anônimos quanto reconhecidos escritores. 

No meu caso, tenho até uma proposta de orelha para o futuro livro.

Ouçamo-na:




UMA ORELHA


          Você que – chegado numa orelha – perde horas a fio nas livrarias da vida, orelhando aqui e acolá, volume após volume, e, muitas vezes, vai embora sem comprar – ou mesmo roubar (pssiiuu!) – um livrozinho sequer.
          Você que – conhecedor do velho Drumond – sabe que neste espaço “... o poeta escuta/ se dele falam mal/ ou se o amam”, mas que no fundo no fundo acha que isso é pura ingenuidade de eus poéticos, pois ninguém usa uma orelha para atacar o conteúdo do volume.
          A você se dirige esta boquinha travestida de orelha.
          Dela não há o que ouvir, senão palavras pra dizer.
          Pra dizer dos outros tantos volumes – prontos para dizer outras tantas ao privilégio de sua enaltecedora orelhada.
          Você pode não ser o principal leitor que esta orelha quer ouvir; aquele que as literaturas implosivas julgam um Deus libertador.
          Tampouco esta literatura pode ousar-se o direito de exigir sua preferência.
          Veja quantas publicações profissionais dormem a sua volta.
          Tome-as.
          Depois talvez você ache um tempo para provar este livreco.
          Por enquanto, ao autor-editor basta que o compre – ou mesmo roube-o (pssiiuu! Assim talvez o livreiro permita a exposição de um outro exemplar desta edição alternativa).
          Quanto aos outros órgãos deste organismo literário, auto-recomendando-se, eles aguardam um afago mais profundo dos seus olhos.