Duas Caras
Enganou-se quem pensa que vim aqui escrever sobre a novela. Ou ainda tecer comentários sobre o caráter de certas pessoas. Não, o meu interesse hoje recai sobre Janus, deus da mitologia romana, dotado de duas cabeças, portanto, de duas caras.
Janus, que foi mortal, era de origem grega: nasceu na Tessália e emigrou para o Lácio, onde se casou com a rainha. Tornou-se rei e ao morrer foi alçado a condição divina. Antecedeu São Pedro no controle das portas celestiais. De rei a deus-porteiro foi um longo caminho. Adquiriu sabedoria: aprendeu a ver o futuro através da compreensão do passado. Não perdia de vista nem o que já era nem o que viria a ser. Encarregado de abrir portas, sempre soube que as portas se abrem para dois lados diferentes: o lado de fora, ou externo; o lado de dentro, ou interno. Deus dos começos, das transições e das passagens, de todas as portas: as que se abrem e as que se fecham. Toda essa simbologia é adequada para dar nome ao primeiro mês do ano: Janeiro. O mês que ainda se atrela ao passado mas já antecipa o futuro.
Janeiro, primeiro mês do ano, tanto no calendário gregoriano quanto no juliano. 31 dias inteiros para marcar a passagem entre um ano e outro. Em nosso país, é verão. As águas do céu escorrem para a terra, muitas vezes fazendo estragos. O sol arde e queima nossa pele.As crianças e os jovens estão de férias e os professores também. A não ser que alguma greve mal sucedida os trancafie dentro de salas quentes, onde uns fingem que estudam e outros que ensinam. Mas, para a maioria: Férias. As mães acompanham seus filhos tirando férias dos maridos, da chata rotina caseira, da qual começam a sentir saudades já na primeira semana.Os maridos, por sua vez, adoram ficar trabalhando e se sentem em férias também.Saem mais cedo do trabalho porque está tudo parado. Rejuvenescem.Por uns tempos. É janeiro. É tempo de balanço. Este ano vai ser tudo diferente, todos planejam. Tudo vai mudar, depois do Carnaval. Mas o Carnaval passa e a vida continuará igual.
A vida pode mudar em qualquer dia. Quase sempre muda sem avisar e não temos nenhum controle sobre isso. Alguém morre e a vida dos que ficam precisa ser reorganizada. Perdem se empregos, conseguem-se novos.Ou não. Doenças previsíveis e imprevisíveis nos atacam. Amores acabam, amores começam. É assim a vida...uma porta se fechando e outra se abrindo. Quase sempre vemos ou sentimos a porta que se fecha. Muitas vezes não conseguimos encontrar a que se abriu. A vida pode mudar em qualquer dia, como eu escrevi no começo deste parágrafo. Não precisa ser janeiro. Mas é bom que exista janeiro e nos faça lembrar disso. Porque, na maioria das vezes esquecemos. Esquecemos que podemos controlar,se não a vida, pelo menos o rumo que pretendemos dar a ela. Se for preciso, como o Deus Janus, vamos afivelar em nossa mente duas caras. Uma para olhar o passado e aprender com ele. Para eliminar tudo o que depende de nós e nos fez sofrer.E uma para olhar para a frente e antecipar os ganhos que ainda poderemos ter nessa vida física. Desde que tenhamos consciência de que só temos um Espírito. E que seja ele que se reflita em qualquer uma dessas duas caras. Porque só o espírito é eterno.De qualquer forma que nossa mente funcione, seja pela fé ou pela razão, é indiscutível: existe algo em nós que é imortal. O resto é resto. Passa.Portanto, repito e refaço o convite: vamos aproveitar o janeiro com sua simbologia e fazer alguma coisa para a vida ser melhor. Mesmo que estejamos com o pé na cova, sabendo ou não, é sempre tempo para começar. Seja lá o que for.
Enganou-se quem pensa que vim aqui escrever sobre a novela. Ou ainda tecer comentários sobre o caráter de certas pessoas. Não, o meu interesse hoje recai sobre Janus, deus da mitologia romana, dotado de duas cabeças, portanto, de duas caras.
Janus, que foi mortal, era de origem grega: nasceu na Tessália e emigrou para o Lácio, onde se casou com a rainha. Tornou-se rei e ao morrer foi alçado a condição divina. Antecedeu São Pedro no controle das portas celestiais. De rei a deus-porteiro foi um longo caminho. Adquiriu sabedoria: aprendeu a ver o futuro através da compreensão do passado. Não perdia de vista nem o que já era nem o que viria a ser. Encarregado de abrir portas, sempre soube que as portas se abrem para dois lados diferentes: o lado de fora, ou externo; o lado de dentro, ou interno. Deus dos começos, das transições e das passagens, de todas as portas: as que se abrem e as que se fecham. Toda essa simbologia é adequada para dar nome ao primeiro mês do ano: Janeiro. O mês que ainda se atrela ao passado mas já antecipa o futuro.
Janeiro, primeiro mês do ano, tanto no calendário gregoriano quanto no juliano. 31 dias inteiros para marcar a passagem entre um ano e outro. Em nosso país, é verão. As águas do céu escorrem para a terra, muitas vezes fazendo estragos. O sol arde e queima nossa pele.As crianças e os jovens estão de férias e os professores também. A não ser que alguma greve mal sucedida os trancafie dentro de salas quentes, onde uns fingem que estudam e outros que ensinam. Mas, para a maioria: Férias. As mães acompanham seus filhos tirando férias dos maridos, da chata rotina caseira, da qual começam a sentir saudades já na primeira semana.Os maridos, por sua vez, adoram ficar trabalhando e se sentem em férias também.Saem mais cedo do trabalho porque está tudo parado. Rejuvenescem.Por uns tempos. É janeiro. É tempo de balanço. Este ano vai ser tudo diferente, todos planejam. Tudo vai mudar, depois do Carnaval. Mas o Carnaval passa e a vida continuará igual.
A vida pode mudar em qualquer dia. Quase sempre muda sem avisar e não temos nenhum controle sobre isso. Alguém morre e a vida dos que ficam precisa ser reorganizada. Perdem se empregos, conseguem-se novos.Ou não. Doenças previsíveis e imprevisíveis nos atacam. Amores acabam, amores começam. É assim a vida...uma porta se fechando e outra se abrindo. Quase sempre vemos ou sentimos a porta que se fecha. Muitas vezes não conseguimos encontrar a que se abriu. A vida pode mudar em qualquer dia, como eu escrevi no começo deste parágrafo. Não precisa ser janeiro. Mas é bom que exista janeiro e nos faça lembrar disso. Porque, na maioria das vezes esquecemos. Esquecemos que podemos controlar,se não a vida, pelo menos o rumo que pretendemos dar a ela. Se for preciso, como o Deus Janus, vamos afivelar em nossa mente duas caras. Uma para olhar o passado e aprender com ele. Para eliminar tudo o que depende de nós e nos fez sofrer.E uma para olhar para a frente e antecipar os ganhos que ainda poderemos ter nessa vida física. Desde que tenhamos consciência de que só temos um Espírito. E que seja ele que se reflita em qualquer uma dessas duas caras. Porque só o espírito é eterno.De qualquer forma que nossa mente funcione, seja pela fé ou pela razão, é indiscutível: existe algo em nós que é imortal. O resto é resto. Passa.Portanto, repito e refaço o convite: vamos aproveitar o janeiro com sua simbologia e fazer alguma coisa para a vida ser melhor. Mesmo que estejamos com o pé na cova, sabendo ou não, é sempre tempo para começar. Seja lá o que for.