Coaching – A Concorrência e a Hipocrisia
ADMINISTRADOR E COACHING
Começam a surgir questionamentos para os profissionais de autoajuda do meio empresarial, certamente são tímidas manifestações, se bem que é um começo. Sou administrador de formação e imaginei que algumas atividades com relação a profissões regulamentadas tinham fiscalização. Ledo engano, Administrador é uma das profissões regulamentadas mais desrespeitadas do Brasil. Mas a atividade de coaching apresenta-se como dentro de uma regulamentação profissional, sob patrocínio do CFA.
Portanto, se é assim com Administrador, por que não seria com outros. Se bem que o respeito pela profissão deveria vir, em primeiro lugar, dos próprios profissionais e seus Conselhos ( CRA ´s e Sindicatos ). Juro que tentei aproximar, debater, arejar as ideias monolíticas e petrificadas dos administradores. Como nada é tão ruim que não possa piorar, agora os administradores se veem às voltas com uma nova terminologia de profissional, os coaches.
Entendo que não é prerrogativa dos administradores este ataque avassalador. Em outras palavras, profissionais da psicologia sofrem ataques, como muitas outras profissões. A princípio, basta qualquer pessoa, inclusive alguns de péssima índole e caráter, conhecerem de redes sociais e voilá, surge um tanto de coaches.
Aqueles que deram origem ao termo autoajuda, que ficaram bilionários escrevendo livros e palestras motivacionais estão se esbaldando e desfrutando da fortuna que fizeram. Foram destronados, de modo subitâneo, pelas redes sociais e grupos virtuais por este novo "nome" com velhos hábitos.
PALANQUE DE COACHES
O palanque é o mesmo, mudam os personagens de púlpito em qualquer lugar, inclusive nas redes sociais repletas de perfis falsos. Por outro lado, em alguns países, com sociedades mais complexas e governos mais rígidos, até os missionários e pastores estão na mira. Estes conselheiros espirituais sofrem críticas e questionamentos por não conseguirem cumprir o que prometem.
Entretanto, o empreendedorismo de palanque está começando a ter questionamentos no Brasil e no mundo, mas o coaching avança.
FALSOS PROFISSIONAIS
Nas corporações, os maus profissionais, picaretas na verdade, que participam de reuniões sempre com as mesmas frases feitas, ainda sobrevivem. Desse modo, contam com o conluio de seus parceiros e amigos que se locupletam de suas peripécias. Transformam situações que não dominam em hipocrisia, prejudicam os profissionais, e em grande medida até consultores externos. As atitudes que aplicam demonstram que quase todos não querem sair de sua zona de conforto e deixarem cais as máscaras.
Em muitos casos, de acordo com nossas constatações, ao deixarem cair as máscaras, mudam de nome ou adotam pseudônimos. Certamente, criam novos perfis após desmascaramento, e seguem praticando a atividade de coaching. Todos profissionais que identificam estes tipos sabem o mal que eles proporcionam para a sociedade.
AMBIENTES DETERIORADOS
A qualificação destes comportamentos não apenas é medo do desconhecido mas é uma espécie de autoproteção predatória entre todos que ajudam empresas.
Participei de situação recente em que o dono da empresa não dominava o negócio, nem muito menos a técnica e tecnologia utilizada no seu empreendimento. Empreendedores e seus gestores não aceitam mentores experientes, mas se derretem em coaching de "sucesso" de rede social.
Contudo, qualquer "coaching" que não resiste a três perguntas objetivas, que um profissional de verdade faça, e que exigem respostas precisas.
O empreendedor preferiu continuar com seu especialista a ouvir ou adotar orientações que ofereci na condição de consultor. Assuntos graves sofrem com a procrastinação e colocam ou colocarão qualquer negócio sob risco.
Enquanto o empreendedor não perceber que terá que obter resultados positivos, a sangria e incompetência terão proteção da hipocrisia organizacional.
É fácil detectar estes ambientes empresariais sob risco em que coaches deitam e rolam. Pessoas em posição de comando uma vez que não dominam os processos, a gestão das pessoas são vulneráveis a estes malfeitores. Os coaches se apresentam como proficientes para o trabalho no qual não possuem qualificação mínima. Enfim, vemos até empresas com colaboradores atuando como "bico" e em atividades completamente fora do que estudaram. A concorrência profissional não existe e está fundada numa falsa solidariedade corporativa e de processos não documentados. Em suma, é muita decisão, inclusive estratégica, sem fundamentação e documentação que dê suporte e depois reclamam de terceiros, governo, acaso.
As empresas, especialmente as pequenas e ditas mais ágeis, ainda vão pagar um preço muito alto pela informalidade, agilidade e hipocrisia. Aliás, estão pagando, e colocando a culpa nos outros. É mais fácil.
COACHING FOREVER
A situação ficou muito grave e não nos resta outra opção senão aderir ou nos render antes que morramos todos.
A mudança de nomes de algumas atividades e funções, como acontece com o caso do coaching, só revela o mundo hipócrita empresarial em que vivemos.
Será que teremos que perder a ternura ou esperar de maneira indefinida para que empreendedores caiam na real sobre estes coaches que estão no comando?
P. S.
Logo após a publicação original recebi uma quantidade e vitupérios, notadamente de quem vestiu a carapuça. Mantenho a ideia original, a atividade de coaching é uma cilada.
(*) Revisado e atualizado em 22nov2018
Original em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2016/11/22/coaching-a-concorrencia-e-a-hipocrisia/