E TUDO CONTINUA COMO DANTES NO QUARTEL DOS ABRANTES

Por incrível que pareça, ainda existe muita gente que não acredita em mudanças climáticas, mas desconfiam da eficácia das vacinas e acreditam que com o pagamento do dízimo, no fim tudo vai dar certo.

Essa semana, aqui na cidade maravilhosa, mais especificamente na única estação meteorológica em atividade na Zona Oeste foi atingida a insuportável sensação térmica de 60 graus centígrados, uma temperatura superior aquela comum às saunas úmidas, e bem próxima aos 70 graus de uma sauna seca.

No final de semana vivenciamos uma chuva épica, a altura daquelas que exigiram a construção da lendária Arca de Noé.

Sabe aquela historiado pão sempre cair com o lado besuntado de manteiga, a famosa lei de Murphy, pois é tanto o RIO como a baixada do entorno da baía de Guanabara se caracterizam por uma altitude média que não atinge os dois metros. Pois bem, a maré de sizígia, aquela mais alta, coincidiu com a chuvarada. Resumo da ópera, colapso na drenagem de vários municípios. Faltou gravidade para água descer pelas galerias, e nos locais mais baixos, a drenagem funcionou às avessas, ou seja, bueiros ao invés de receber o fluxo d’água, tornaram-se nascedouros de um líquido que em nada lembra as característica da água: cheiro, sabor, cor e turvação.

Esses eventos climáticos simplesmente transformaram o traçado viário em locais propícios ao uso de embarcações, colapsando por muitas horas as principais artérias de chagada e saída da cidade.

Para variar, toda comunidade política ficou surpresa com o fato, como se tudo isso não fosse corriqueiro durante o verão na região. Dos prefeitos, passando pelo governador e respingando até no presidente, houve uma comoção generalizada e promessas de mundos e fundos para num futuro próximo eliminar, com uso de tecnologia de ponta, quem sabe até se utilizando da Inteligência Artificial esse tipo de evento, que dessa vez ceifou inclusive vidas.

O que nem a Inteligência Artificial e muito menos passou pela cabeça desses políticos é que o verão dura três meses, e não vai ficar esperando essas obras serem concluídas para repetir a chuvarada da semana passada. Elas necessitam apenas da conjunção de algumas condições meteorológicas para repetir o fato.

Se você mora na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e tiver o hábito de olhar para o céu, não se acanhe, se começar a acinzentar, permaneça em casa, se estiver na rua, cancele tudo que estiver marcado, e corra para casa.

Agora, sabe aquele parágrafo dedicado a soluções, esqueça, a realidade nos mostra que essas verbas acabam todas fluindo para os bolsos dos mais espertos, e o maior exemplo desta ganância por verba pública foi o projeto de despoluição da baía de Guanabara, onde toda verba e também os aditivos ao contrato foram consumidos pelos gestores da obra, que ao final, conseguiu cumprir apenas 10% do planejado.

E tudo continua como dantes no quartel dos Abrantes.