A natureza tem sempre razão
Hipócrates teria dito, algumas centenas de anos antes de Cristo, que “tudo acontece conforme a natureza”. O tempo provou que ele estava certo, e que nos traria grandes benefícios observar a fauna e a flora do nosso planeta.
Newton viu uma maçã caindo da árvore e chegou à lei da gravidade. Darwin estudou várias formas de vida e nos ensinou sobre a evolução. A observação do vôo de pássaros levou às primeiras máquinas voadoras, só pra citar alguns exemplos.
O que muitos não sabem é que a gente não ficou de fora! Brasileiros, com sua criatividade sui generis, vêm observando o comportamento animal ao longo da história para criar os mais acurados ditados populares.
Na minha pesquisa, nada científica, as categorias mais encontradas foram a de caninos e felinos.
Frases do tipo: “Cão que ladra não morde”; “Quem não tem cão, caça com gato”; e “Gato escaldado tem medo de água fria” são as ladainhas preferidas das nossas avozinhas.
Crianças de várias gerações se beneficiam do ditado “Quando o gato sai, os ratos fazem a festa”. E que mulher, ali na repescagem da festa, depois de algumas biritas, não se viu falando: “à noite todos os gatos são pardos”? (Essa eu poderia ter deixado de fora. Nada bom “cutucar a onça com a vara curta”. Feministas, não me cancelem!)
Mas falando em patriarcado, o macho-alfa gosta muito dessa: “Caiu na rede, é peixe”. Ou então: “Cavalo amarrado também pasta”. Já os economistas curtem “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”; e “De grão em grão, a galinha enche o papo”.
“Papagaio que acompanha João-de-barro vira ajudante de pedreiro” é um hit na construção civil. Assim como “Uma andorinha só não faz verão” é o lema dos meteorologistas.
Fofoqueiras são frequentemente advertidas: “ O peixe morre pela boca!”
Entre os mais prevenidos são bem populares “Camarão que dorme a onda leva”; e “Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas”.
Os mal agradecidos ouvem muito: “Cavalo dado não se olha os dentes”; os que adoram interromper: “Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha”; e os pseudointelectuais: “Um burro carregado de livros não é doutor”.
Minha tia-avó, divorciada depois de 40 anos de casamento, olhou um dia para o consorte e disse: “Cada macaco no seu galho”.
Pois é, minha gente. A natureza é sábia, e adora nos ensinar. Em tempos de “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” é melhor a gente começar a respeitar a dita cuja, que paciência tem limite e ela já está se vingando.
Pode parecer discursinho batido de ecochato, e talvez até seja. Mas “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.