Como Ser Feliz no Ano Novo

O Ano Novo se inicia com o tradicional lançamento de promessas ao vento, que explodem ao ritmo dos fogos e são tão fugazes quanto o brilho que exibem em poucos segundos de glória.

Leio uma matéria no jornal em que 72% dos habitantes de minha cidade desejam mudar de estilo de vida em 2008. A pesquisa atesta uma tese que defendo há muitos anos: o ser humano é, em maioria, insatisfeito.

Não basta pular sete ondas, no interior fica difícil, temos mesmo é que chupar 7 uvas – um tipo de jeitinho, as disposições e promessas precisam ser fortes e sólidas. Nem sempre as melhores escolhas ocorrem em um momento exato, cabalístico, como na virada do ano. Muitas vezes é a realidade, o medo, ou a necessidade que nos obriga a mudar de rumo.

Um conhecido me surpreendeu, em almoço de amigos, ao declarar que parou de beber.

- Porquê?

- Pela minha filha, ela foi operada há dois anos e prometi que se sobrevivesse largaria a bebida.

Nesse caso foi o amor, e o temor da perda, que forçaram o milagre. Dei-lhe os parabéns. Sei o quanto é difícil ser um abstêmio em sociedade que adora consumir álcool – como se fosse a coisa mais inocente do mundo! Algo vai errado quando a sociedade inverte os valores.

O que interessa é quando obtemos a real força que nos obriga a mudar. Sei que a disposição deve começar com um incômodo, com uma aflição e um reconhecimento de que podemos tornar as coisas melhores. Nesse exato momento o ser humano pode adquirir a força necessária para mudar o seu destino. Não acredito em fatalismos premeditados por entidades superiores. Sei que o livre arbítrio é um presente e uma carga que devemos suportar.

Mais do que um Feliz Ano Novo, devemos buscar definir nossos objetivos, persegui-los, reconhecer nossas faltas e procurar a força para mudar; o que nos transformará em pessoas melhores.

Não basta estar insatisfeito, é preciso agir, confiar em si mesmo e promover as modificações necessária nos hábitos que nos acorrentam a uma vida que não queremos. O grande motor do ser humano é a ambição, não aquela que se traduz na busca de conquistas materiais, o que não deixa de ser válido; mas a outra, que nos induz a perseguir a auto-realização.

Não vou então desejar apenas um bom ano em 2008, mas um ano repleto de desafios, de perseverança, de coragem e conquistas, para aqueles que passam a entender que estar vivo não é gozar férias, mas colocar a mente e o espírito no caminho que nos leva ao verdadeiro progresso: a busca de nos tornarmos úteis e dignos à sociedade e a nós mesmos...