A viagem part 2

Bruna sentiu o que qualquer pessoa comum sentiria: que estava sonhando. Só o que podia tentar fazer é tentar acordar, mas não conseguia, já cansada de tanto se beliscar e nada! Resolveu se conformar e pensar no que fazer. Bom, 10 anos atrás não deve ser tanto tempo assim. Meu dinheiro, 150 reais que tenho aqui, deve dar para voltar para casa. Bruna se aproximou do ponto de táxi próximo à Rodoviária, e dos três táxis ali, dois estavam vazios e um tinha um senhor de 1.80, aparentando ter uns 40 anos, forte e com fisionomia típica de um mané da ilha. Com razão, já se percebia quando ele abriu a boca pela primeira vez, ao notar seu sotaque carregado pelo barulho do "x". Ele perguntou se ela queria viajar, e ela confessou que estava um tanto quanto ressabiada, visto que a última viagem ainda lhe causava abalo. Quem vai julgar Bruna? Não é mesmo! ?"Qual é seu nome?", perguntou o motorista. "Eu sou Bruna, e você?" "Sou Rômulo, para onde querida?" "Eu moro na rua Fernand do Martiz 589, centro." "Claro, a corrida vai custar 50 reais." Tudo bem, embarcou naquele táxi, um carro novo, mas de 10 anos atrás. Ela não estava muito acostumada com a ideia. Ainda com o hábito antigo e difícil de cair a ficha, ela perguntou sobre quais séries do Netbiu para Rômulo, que franziu a sobrancelha. Rômulo falou: "O que é Netbiou?" Meia sem jeito, para não parecer uma doida vacilona da vida, pensou rápido e, com tom de esperteza, já falou: "Ah, é uma ideia que eu tive. Em vez de alugar DVD, você assina um site e pode assistir por um preço fixo a vários títulos." Rômulo respondeu: "Poxa, é uma grande ideia mesmo, mas não vai funcionar no Brasil. Aqui estão roubando desde a época de Cabral." "É mesmo", disse Bruna, "isso eu concordo com você." Na sequência, Rômulo colocou a mão no porta-malas e puxou um bilhete de loteria: "Essa é minha grande ideia, um bilhete de loteria." Bruna teve uma grande sacada: "Nossa, se eu ficar aqui, será possível... Será possível o que, moça?" "Nada, nada!" Convicta de que poderia dar certo, ela abaixou, pegou seu celular sem internet, mostrou ao rapaz e perguntou: "Você tem internet na sua casa, correto? Como faço para colocar internet por aqui?" "Bom, você precisa instalar uma DSL. Você pode colocar na sua casa." "Claro", ela falou, mas sabia que na prática não era com qualquer conversa. Sem saber, finalmente, ao que parece, ela chegou na rua da sua casa e aos prantos ficou quando viu... Continua na parte 3...