UM MESSIAS ÀS AVESSAS

Seria cômico, não fosse trágico o Brasil receber assim de mão beijada um Messias, que representa para cristãos a própria figura do redentor do Antigo Testamento, ou seja, Jesus Cristo.

Conta a lenda, que ele primeiro esmagará os governantes injustos e livrará Jerusalém dos ímpios pagãos. Em seguida, reunirá os dispersos de Israel, os distribuirá pela terra de acordo com suas tribos e enfim, encontrará o reino de paz e justiça.

Na verdade, esse suposto Salvador tupiniquim guarda relação com o complexo de Messias, um comportamento social caracterizado por excesso de arrogância (lembram os desatinos na pandemia) e/ou apatia que o apresentam para uma sociedade, círculo ou pirâmide social. Embora existam semelhanças, não se deve confundir essa patologia com transtorno de personalidade narcisista (TPN).

O fim de semana prolongado mexeu na agenda do primeiro escalão do desgoverno, acho que se inspiraram no dia de finados, que, aliás, tem uma vinculação direta com a necropolítica levada a cabo por seu circo bufo.

Enquanto o desafortunado general da saúde se restabelecia de uma recaída da gripezinha, o ministro da destruição do ambiente resolveu constatar in loco, sua última maldade ambiental, publicada no Diário Oficial no dia anterior.

Desta vez o alvo do ataque foi nada mais, nada menos, que o arquipélago de Fernão de Noronha, que ainda se mantinha incólume à sua meta de destruir tudo que seja vinculado à conservação ou proteção do patrimônio natural.

Em vôo da FAB, ele ainda se fez acompanhar do senador Bananinha e esposa. O capitão Messias, para mostrar seu poder de fogo, liberou a pesca da sardinha no entorno das ilhas, em pleno período de defeso, claro que o objetivo final do decreto presidencial era bagunçar de vez o equilíbrio natural do arquipélago.

Enquanto isso em Maresias, litoral de São Paulo, seu secretário de comunicação promovia uma festança com a presença de autoridades da ala civil, quem sabe para comemorar além do seu aniversário, os mais de 160 mil óbitos da pandemia.

Essa semana, o laboratório químico e farmacêutico do exército confirmou que não sabe o que fazer com os mais de três milhões de comprimidos de cloroquina produzidos sob pressão do capitão, que acreditava ser um bom garoto propaganda do medicamento, mas que se viu mais uma vez traído pela ciência, aliás, uma rotina para terraplanistas como ele, seu medicamento preferido, claro que aqui valeu o peso da indicação de seu ídolo estadunidense, e por isso mesmo, foi o mais testado e coincidentemente, o mais reprovado em teste levados a cabo em muitos países.

Nesta semana também chegou à notícia do corte de 70% no orçamento do Ministério da Saúde, para a parcela destinada ao programas de pessoas com deficiência, ou seja, nem este segmento especial de pessoas, vai passar incólume no próximo ano pela caneta do posto Ypiranga, aquele ministro que na concepção do Messias “sabe tudo”.

E o tal do “gabinete do ódio” hein? Tem como mentor seu filho Carluxo, um vereador carioca, que imagino deva ter atuação das mais discretas, afinal tem um belo exemplo em casa, afinal sua presença em Brasília é imprescindível, impedindo sua presença no cotidiano da “gaiola de ouro”, apelido carinhoso da câmara de vereadores do RIO.

Esta sucursal de maldades funciona vizinha a sala da presidência, permitindo assim alimentar bem de pertinho seus insanos desejos, funcionando em turnos contínuos, pois assim como boas ideias precisam de muito pensar, as más também, e essas sugestões precisam fluir livre, sem obstáculos, e atendendo assim as demandas perversas do capitão Messias.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 16/01/2024
Código do texto: T7977693
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