De novo
“Ana Castela e Gustavo Mioto terminam namoro de novo.” Este é um dos destaques de capa de um site de notícias. Eu disse: site de notícias. Nem sei o que senti ao ler. Sei sim: tristeza. Não, eu não conheço nenhum dos dois, e muito menos sou fã.
Aliás, sabem o que eu sou? Um ser jurássico, que tem uma opinião muito desatualizada sobre o que é importante. Calma, não vou apelar pro clichê (ou seria verdade?) que o bom jornalismo morreu. Posso ser vintage, não anacrônica.
Só eu acho que tem algo de errado com essa manchete? Vejam, não vou entrar no mérito de que o término do namoro não seja classificado como notícia, já que interessa aos milhões de seguidores que ambos possuem nas redes, e aos seus fãs.
Sei que eu fiz a faculdade de jornalismo, literalmente, no século passado. Mas a definição de notícia, em qualquer lugar, está atrelada ao termo NOVIDADE. E onde está a novidade no “de novo”? Então por que, meu Deus, por que isso é notícia? Por que está na capa, como um dos destaques do site? Site de notícias, repito. De novo.
Sei que estamos na dinastia do algoritmo, em que a relevância de alguém é determinada pelo número de seguidores nas redes sociais. Que a expectativa de cliques é um dos principais parâmetros do que deve ou não virar pauta. Estou em paz com isso. Sou uma grande entusiasta da tecnologia e de seu uso responsável.
Só vamos torcer pra não ser manchete da capa do site, daqui a uns 5 anos: “Famosa cronista sucumbe à desilusão contemporânea e anuncia aposentadoria da escrita… de novo.”