Título é clichê, mas espero que gostem do texto. A Viagem.
Bruna, 24 anos, moradora de Santa Catarina, debruçada em cima de sua cama com tédio, já cansada da rotina de sempre, pensava em voz alta: 'Que saco, o que fazer?' Ao ligar seu celular, é sempre a mesma coisa: pessoas viajando. Olha para a tela e sonha em viajar. Com tédio e com a oportunidade perfeita, encontra um anúncio para 'Além da Imaginação'.
Que anúncio é esse, ela pensou - viagem sem destino, todos a bordo, preço grátis. Cheiro de golpe, mas sem mais nada a perder, já que o DDD do número é da mesma região, resolve aceitar e chamar no WhatsApp.
Ao chamar, a pessoa se depara com um senhor meio sinistro, com olhos profundos e negros, um tanto perturbador. 'Olá, Sra. Bruna, me encontre na Rua Cruz e Souza, nº 80, esquina com a Marcos Rovares.' Ao colocar os dados no mecanismo de busca, percebeu que se tratava do aeroporto da cidade. Por essas e outras, resolveu dar uma chance e ir averiguar o que estava acontecendo.
Bruna entrou dentro de seu Ford Ka preto, dirigiu até o aeroporto e esperou por quase uma hora. Quando estava perto de desistir, o senhor misterioso se aproximou, de terno, bigode fino, um sorriso bonito e olhos misteriosos. 'Estamos iniciando uma companhia de voo, vai para a ilha da fantasia?' Ainda brincou. 'Não, querida, mas pegue e se divirta.'
O que eu tenho a perder mesmo, pensou Bruna, encarando um bilhete negro meio mordaz. Meio intrigada, mas com seu jeito meio mulher maravilha de ser, resolveu encarar e foi. Passou pelos seguranças e chegou no avião que já tinha um ar meio estranho, mas decidida que ia voar naquele dia, já pensando na foto do Instagram. 'Qualquer coisa é melhor que aquelas velhas fotos nojentas dela.'
Tudo bem, respirou fundo e foi. A recepcionista era uma Ana bonitinha, o que lhe fez ter quase certeza de que está indo mesmo para a ilha da magia. 'Por aqui, senhora Bruna. Você sabe meu nome, todos por aqui sabem. Qual seu nome? Meu nome é número 01.' 'Hamm, isso por acaso é nome?' 'É sim, querida, e um dia você entenderá.'
Quando Bruna entrou no avião e virou de costas, a 01 tinha sumido. Logo tratou de fazer o sinal da cruz. 'Bom, já que estou dentro de um avião e aqui não tem internet, o que me resta mesmo é ler um bom livro de seu Kindle.' Puxou o livro 'Alice no País das Maravilhas', bem no capítulo em que Alice encontra com o coelho. Após devorar uma página do livro, Bruna ficou um pouco assustada com a turbulência do avião que partiu. Mal deu tempo de ficar nervosa; o avião já pousou.
Com medo, mas aliviada, 01 aparece novamente e diz: 'Chegamos, querida. Por aqui.' Bruna desceu, e quando viu que era o mesmo lugar, olhou para trás e, para sua surpresa, 01 tinha sumido. 'Eu mereço mesmo, não existe almoço grátis!', exclamou a menina. Sem jeito, desceu as escadas do avião, passou do aeroporto de volta para casa, já sem saber como voltar. Resolveu usar a internet para chamar um carro por app, mas que estranho, estou sem internet. 'Já sei, vou pedir para aquele moço me chamar um carro - moço, moço! Você pode pedir um carro para mim?' 'Claro! Você pode pedir um táxi.' 'Quem usa táxi em 2024 - Hamm, 2024? Não, hoje o ano é 2012.' 'Que a para, seu doido!' Ao passar pelo aeroporto, olhou as televisões, e um calafrio a tomou ao perceber que os noticiários da TV apontavam para 2012. 'Eu tô ficando maluca, o que aconteceu naquele avião.'
Continua na parte 2."