A crise na informação
Entregaram em meu endereço, por acaso, um jornal famoso no meu Estado. Outrora era um calhamaço difícil de se ler da capa ao final. Peguei o volume miúdo que parecia mais um encarte, daqueles que vinham em seu interior, na época que eu era criança. Dei uma espiada nas notícias da primeira página. Uma delas me chamou a atenção! Era preciso ler a matéria toda na página 31. Puxa, pensei, página 31... Então até que tem conteúdo. Vamos lá!
Abri na página mencionada e busquei a notícia em inúmeros tópicos. Achei finalmente, um texto de 10 linhas, num espaço igual ao da foto que ilustrava o pequeno artigo.
O anúncio era sobre uma recente pesquisa que advertia para dezessete medidas necessárias a se evitar o câncer. Então, num dos parágrafos, o jornalista espremeu seis das tais recomendações. Todas muito óbvias hoje em dia, mas uma delas daria o que falar! "Deve-se ter uma dieta saudável" estava escrito. Sim, mas o que seria uma dieta saudável? Ponderei.
Essa é uma questão importante e muito polêmica a considerar os produtos alimentícios "fit" que o mercado despeja todos os anos aos consumidores incautos. Muita gente consome os grãos integrais em bolachas e pães; usa adoçantes com aspartame, maltodextrina e outras químicas achando que estão contribuindo para a melhor saúde e ainda usam óleos vegetais caros, na promessa de estarem oferecendo o melhor à família. Ledo engano, dizem muitos Artigos Científicos atuais. Esclarecer que o excesso de glúten, corantes, saborizantes, óleos vegetais ruins e açúcares, gastaria sim, muitas linhas que não caberiam no compêndio que o jornal famoso oferecia tempos atrás. E assim o periódico em papel vai definhando a cada dia, como quem é devorado por um câncer agressivo, oferecendo a quem ainda mantém o interesse, um mínimo de informação e mundo de propagandas, muitas delas pagas pelas indústrias que engenham os tais "produtos alimentícios".