INVASOR INUSITADO.

A história é verídica, aconteceu dias atrás, deitei-me um pouco mais cedo do que o costumeiro, pois o cansaço era sobremaneira tomando-me completamente a força, de forma que cada músculo e osso doía muito. Como sempre faço todas as noites antes de me deitar, deixei as minhas coisas no criado mudo, tudo devidamente arrumado, o crachá da empresa, as minhas chaves, carteira e relógio de pulso. Em outro canto, calça e camisa, tudo na ordem, pronto para o dia seguinte. Garrafa de água do lado, ventilador ligado, pois fazia um calor fora do normal. Ajeitei o travesseiro, liguei o despertador do celular, tudo pronto. Luz desligada, escuridão, maravilhoso silêncio que não demorou a pesar em minhas pálpebras, adormeci logo em seguida.

Sonhei naquela noite, já fazia um tempo sem visitar o reino do sonhar.

No sonho eu caminhava por uma longa estrada de terra, era como se eu estivesse em um sítio ou qualquer coisa do tipo. A estrada era ladeada por grandes árvores, uma brisa suave soprava em meu rosto. Eu apenas caminhava sem saber de onde estava vindo nem para onde os meus passos me levavam. Parecia tudo real no sonho, de repente, era como se alguma coisa "no sonho" pousasse em meu pescoço e caminhasse nele. O desconforto me fez despertar no mesmo instante, e qual não foi a terrível e desagradável surpresa, pois, em meu pescoço, passeava desagradável barata. Levantei-me bruscamente batendo as mãos no pescoço tentando retirar o invasor, eu não consegui ver onde caiu a tal barata. Levantei-me da cama, liguei a luz, e pronto ... Lá estava o bichano a me fitar, parada no piso frio do quarto. Tentei aniquilar meu invasor, foi em vão a tentativa, mais rápida do que este desajeitado cronista, a barata ocultou-se por debaixo do guarda roupas, ela estava livre, eu, cismado em voltar a dormir novamente.

Passado aqueles dias eu havia me esquecido da barata, pensei estar definitivamente livre dela. Não contei o fato para ninguém, vez e outra eu arrastava algum móvel, olhava para conferir, nada. A barata sumiu, deveria ter encontrado outro lugar ou pessoa para importunar.

Algumas noites depois, em que eu dormia tranquilo, confortável, noite quente, sem cobertores, ventilador ligado, tudo em perfeita paz. Despertei a certa altura da madrugada com muita sede, peguei a minha garrafinha de água, quarto escuro, qual não foi a desagradável surpresa ao sentir aquelas perninhas asquerosas subindo em minhas mãos, indo braço acima. Tomei um tremendo susto, dei-me um tapa no braço, a garrafa foi ao chão. Sim, caríssimo amigo leitor, era ela, a barata havia retornado para um acerto de contas. Levantei-me, liguei a luz para procurar... Nada, sumiu novamente. Veio então a segunda e ainda mais desagradável surpresa meus amigos, a barata estava em minhas costas, adentrou pela camisa passando em meu corpo. A partir daí, foi um carnaval dentro quarto, eu me debatendo para expulsá-la, arrancado roupas, fiquei quase desnudo no quarto, a barata caiu próximo aos meus pés.

Lá estava o famigerado inseto.

Não perdi tempo, esmaguei-a de uma vez por todas, estava livre, podia dormir tranquilo.

"Eu acho".

Até o presente momento nenhuma outra barata apareceu, embora ressabiado, eu durmo um "pouco", bem pouco mais tranquilo, faço uma vistoria no quarto antes de me deitar e pronto. Espero mesmo não ter que passar por essa "experiência", desagradável novamente.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 14/01/2024
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