Era final de ano e, como sempre, todos fazendo suas promessas de crescimento interior, desejando felicidades aos amigos, por E-mail, telefone, à despedida do último dia de trabalho, em casa, com seus familiares e quem quer que encontrasse pelas ruas da cidade.

Ainda residia, em todos ,  o “Espírito Natalino”, com as luzes das lojas piscando, jardins enfeitados, lojas ainda com anúncios de ofertas, tudo 50% Off!

E lá ia Mariana, em direção a sua casa, depois de mais uma festinha de confraternização no trabalho, como tinha sido no Natal.

Na verdade, ela teria somente o dia primeiro do ano de folga, pois depois voltaria ao batente e, o pior, quase todos,  no Escritório, de férias.

Chegando em casa, tomou um belo e fresquinho banho, colocou seu pijaminha curto, de algodão, calçou seus chinelos folgados fez um suco de laranja e sentou-se diante do computador, para verificar seus e-mails, seu Site e Poesias (que adorava atualizar, responder aos comentários dos visitantes), pois há uma semana não fazia isso a seu prazer, apenas no trabalho, a interesse da Empresa que lhe pagava um bom salário.

 Assustou-se, um pouco surpresa, do comentário de uma “amiga virtual”,  alguém que sempre lia seus Textos publicados naquele Site de Autores  Profissionais e Amadores, onde todos se liam, pelo menos, para ela, com muita dedicação e carinho.

 - Ah! Não... De novo? Mas esse assunto já não ficou esclarecido? 
Que falta do que fazer, meu Deus!

Um comentário amargo, irônico, na Página de um amigo, usuário do mesmo Site de Poesias, sobre um E-mail, pretensamente enviado por ela, aos seus contatos, com fotos “pornográficas” que, na verdade, alguém com pouca ocupação e muito tempo disponível, apoderou-se de seu endereço eletrônico e  resolveu fazer uma brincadeira de muito mau gosto, justamente com ela, que não era afeita a essas maluquices.

Porém, isso havia acontecido já há algum tempo e, após ela ter tido o cuidado de esclarecer aos seus contatos virtuais que não fazia parte de seu Perfil, enviar e-mails sem nenhum conteúdo a ninguém, Mariana pensou que o assunto estaria encerrado.

Mas não estava, pelo menos para essa pessoa, infelizmente. Ela, após ter ido até o MURAL do referido Site, e feito acusações infundadas, sobre a “relação além da amizade” que Mariana vinha travando com um Autor do mesmo Site, uma pessoa verdadeiramente séria e digna, continuava fazendo comentários inoportunos e carregados de malicia, inveja e sabe-se lá mais o quê, mas com um pouco de sutileza, sem citar nomes.

Mariana ficou um tanto quanto chateada com o ocorrido, mas havia escolhido o silêncio como resposta, pois não conhecia a pessoa em questão, apenas a admirava,  por seus Textos, sempre bem elaborados, com Mensagens Bíblicas e Apostólicas e não tinha a menor idéia de onde ela havia tirado toda aquela fantasia.

Talvez, quem sabe, de seu próprio erotismo mal resolvido, os seus fetiches, mas isso  não interessava a ela.

Dizem que as mulheres não são amigas e sim rivais. Ela nunca acreditou nisso, achava que fosse maldade, mas agora podia perceber um fundo de verdade nesse dito popular.

Os homens, mesmo quando disputam a chance de terem uma mulher e apenas um deles consegue, os demais fazem piadas, se cumprimentam “pelo feito”:

-E aí, Brother! Conseguiu pegar a gata lá do Encanto, heim? Aí... Ó o cara!

Valeu, malandro!

Já as mulheres, com sua língua ferina, maledicente, viborianas (ainda bem que há exceções),  levantam falsas acusações, denigrem a imagem de quem elas acham que ganhou a “competição”.

Mas Mariana estava bem acima dessas minorias esquisitas e cheias de rancores. Ela preferia dar atenção ao que estava ocorrendo ao seu redor, no mundo todo.

As FARCS mantendo mulheres e crianças em cativeiro por anos a fio, bombas explodindo no Oriente, matando, impiedosamente, milhares de inocentes, sequestros, assassinatos, balas perdidas, vitimando crianças,guerras internas entre Traficantes e Policiais, a Política e Economia do País desorganizada.

Isso sim, era muito mais importante do que essa guerrinha medíocre, no virtual, as perseguições sutis e desnecessárias às pessoas que nada fizeram para que isso acontecesse. Pobreza... pura pobreza de Espírito de quem se julga inteligente.

Mas tudo fazia sentido. Talvez, devido á idade um tanto quanto avançada ( a que todos iremos chegar, se não morrermos antes) tratava-se de um problema de “Desequilíbrio Hormonal Menopausídico”, para o qual há tratamento, necessário, para que a mulher, nessa fase tão importante de sua vida, encontre a tanquilidade e saúde suficientemente adequadas para não se tornarem amargas e más.

A fofoca foi tão engendrada que, por mais estranho que possa parecer, algumas

pessoas, Autores, Poetas, Poetisas,  de determinado nível de educação e cultura (?) deixaram de fazer comentários públicos aos seus Textos, talvez, pra não caírem em desgraça com a amarga criatura.

Mariana não atinou sobre como ela teria conseguido aquilo. Mas respirou, aliviada. Quem foge tem culpa e, assim sendo, não fazia questão nenhuma da presença dessas pessoas em seu Canto de Poesias, onde ela queria apenas ser feliz, escrever o que estava em sua alma e coração.

Afinal, ela nunca correu atrás de quantidade de visitantes em seu Site, o que ela buscava era qualidade, nos textos que publicava.

Escrevia Poemas de amor? Sensuais? Sim, por que não? Mariana era Poetisa e os Poetas escrevem com o coração e, no seu, havia apenas amor para distribuir.

Mas essa Dama, tão correta e de “princípios morais elevados”, desconhecia quem Mariana era e por tudo o que ela passou, sem deixar a honestidade de lado.

-Alguém que perdeu a mãe aos 13 anos de idade e ficou sem chão. Que saiu de casa aos 18 anos, rompendo com todas as barreiras da educação rígida que recebeu, por que tinha sonhos a realizar. Que nunca sonhou com o impossível, pois o possível já lhe era muito pesado. Que perdeu a virgindade aos 23 anos, em plena década de 70, onde a liberdade corporal andava à solta, por puro conservadorismo. Que nunca fumou um único "baseado", embora convivesse com amigos, da época, que fumavam e lhe ofereciam, pois foi o “Boom” das drogas e da liberdade assumida, apenas porque não queria e, assim sendo, não se mutilou, fazendo o que era moda, apenas para ser igual. Nunca se importou com o fato de dar satisfações do que fazia ou deixava de fazer, pois era a única responsável por ela mesma.

-Que saía de casa, às cinco horas da manhã, para trabalhar, só retornando após a meia noite, muitas vezes apenas com o café da manhã no estômago, por falta de tempo e dinheiro e que, por conta disso, sofreu uma intervenção cirúrgica, aos 25 anos, para destravar as paredes estomacais que estavam se unindo, devido à alimentação inadequada.

Precisava estudar, terminar a sua Faculdade e mostrar a ela mesma que conseguira.

-Que, tendo família, pais, irmãos, tios, que lhe acolheriam com prazer, jamais pediu nada a ninguém, pois sentia-se a única responsável por seus atos e deveria vencer todas as etapas sozinha.

-Que sabe, qual é o momento em que se faz necessário dar contas de sua própria vida a pessoas que você nem conhece, para que não reforcem o pensamento de que você é apenas uma “Rabiscadora de Versos”, sempre vivenciando o que escreve e apaixonando-se pelos Poetas do “Encanto de Poesias”. Mostrar que você recebeu um dom e deve usá-lo, fazer trabalhar a sua massa encefálica e mostrar que também tem seus princípios, fundamentados na boa educação que recebeu e em seu próprio caráter.

-Que percebe sim, as “alfinetadas” a ela dirigidas, nos comentários que deixam nas Escrivaninhas de seus amigos mas que, até hoje, não quis dar nenhuma resposta. Que é muito inteligente e perspicaz e não perde seu tempo com  horas e horas, na madrugada, fazendo amor virtual, jamais adotou essa prática e que o seu charme é justamente esse, mas que não condena, em absluto quem dela se utiliza. Cada um na sua, não tem nada a ver com isso.
-Que sua atração é pela pessoa em si que o sexo oposto represente e, para se chegar a um relacionamento mais estreito, é necessário que haja contato físico, pele, atração e química.

-Que é uma mulher como tantas, que às vezes esbarra em suas decisões pessoais, que nem sempre sabe o que quer, mas sabe exatamente o que NÃO quer em sua vida.

É uma pena, pois ela via nessa Senhora, que sempre estava publicando belos Textos Bíblicos, uma pessoa adulta, justamente pela idade (que não é tão distante assim da sua), em que ela pudesse manter essa amizade bonita que floresce no meio virtual e, algumas chegam a se transformarem em reais e belas amizades.

Nós, falhos como somos, achamos cômodo julgarmos nossos semelhantes de acordo com nossas próprias atitudes comportamentais.

E, não é bem assim! Há pessoas e... pessoas!

Precisamos contar com as diferenças individuais, típicas do ser humano, dentro do contexto de cada um.

E, não raro, quando reconhecemos que erramos, achamos mais fácil encontrar um culpado do que assumirmos, honestamente, nossas falhas.

E a desculpa, palavra que redimiria tudo, que angariaria simpatias e amizades, que aproximaria as pessoas, ao invés de afastá-las, torna-se um peso em nossa garganta.

Mas Mariana não está preocupada com isso. O tempo é o senhor da razão e responde a muitas dúvidas dentro de nós.
É com isso que Mariana está contando.
No discernimento dos que lhe acusam.

Quem sabe, hoje, nesse último dia do ano de 2007, nós nos atemos a cumprirmos as promessas feitas nos anos anteriores, de crescimento interior, de sermos melhores do que fomos e cessemos de fazer promessas que jamais serão cumpridas.

 

E é por isso que, no último dia do ano de 2007, ano em que ela foi muito feliz, Mariana decidiu tomar uma posição, nesse emaranhado de fofocas e ócio.

E, quem sabe, a Dama Virtual, não procurou o seu Ginecologista de confiança para proceder à Reposição Hormonal, imprescindível em sua idade, e tenha voltado a sorrir.

Deixou a amargura de lado, procurando assimilar, para si própria, os ensinamentos que tanto propaga em seus Textos que, na verdade, são transcrições, mas que, nem por isso, perdem o seu valor.

Quem sabe, hoje, ela não esteja preparada para responder à pergunta que não quer calar, que está na garganta de Mariana, que também é humana e tem sentimentos, de toda espécie, menos o de ódio, vingança, inveja e outros, que não combinam com nada em que ela acredita e aposta: