Moby Dick
Hoje recebi um convite inusitado para ir à praia. Eu, sendo um sonhador pobre e inocente, acreditei que minha vida mudaria. E será que não mudou? Uma coisa é certa: talvez nem escreveria este texto se não fosse por isso.
Como pobre lobo solitário, fui olhar o mar enquanto o encarava. Pensei que do outro lado pode ter alguém que pensa como eu. Será que esse alguém me olhou de volta? Encarei as ondas que batem e, enquanto olhava para a linha do horizonte, pensei em quantos mistérios existem, desde monstros e piratas até navios naufragados e sereias de canto doce.
Molhei meus pés nas águas geladas, assim como a vida, fui adentrando mais enquanto respirava a maresia. Confesso que ao ver o mar e o céu cinza, me senti como o Capitão Ahab velejando dentro de um barquinho, onde as ondas batiam, ficava obcecado com o cheiro de Moby Dick, a busca incessante e impetuosa que o consumia. Eu podia me sentir empunhando aquele arpão quando olhei para o céu e a voz do anjo da guarda a sussurrar no meu ouvido: "Porque seu destino não pode ser o do profeta Jonas, só depende de você." Voltei à realidade, me despedi da vaidade que ali deixei.
Antes de ir, fiz questão de dar "tchau" para meu amigo desconhecido que fica do outro lado do mar.