“O VENDEDOR DE BANANAS...”
Pode acreditar...
Existem situações que eu mesmo fico constrangido, quando tento narrar para descrever quão racista, quão preconceituoso um ser humano, o pode ser, sem sequer conhecer um interlocutor!
Daí, inclusive ter que lutar contra aquele pensamento elementar, por exemplo, de que o sujeito é vendedor somente de bananas, porque não fez por onde estar numa posição diferente e isso, já é sem contradita, aquilo que tanto odeio: PRECONCEITO!
Porque existem centenas, milhares de vendedores de bananas mais perspicazes, menos invasivos e menos preconceituosos... vendedores de panelas, etc.,
Certa feita, por ocasião da profissão, conversava lá com um Desembargador do Fórum Central e o mesmo me segredou, que pagara sua Faculdade de Direito, com o dinheiro que conseguira vendendo panelas na rua junto com sua esposa.
Então, não há como generalizar, mas, observar certos comportamentos e orientar futuramente alguns amigos, se for possível, para adquirem “alguma cultura’ para pelo menos ‘PODEREM CUSPIR NA ESCULTURA TRANQUILAMENTE!” (Raul Seixas). Lógico que o compositor usou apenas de “uma figura de linguagem!” À época era possível entender assim, hoje em dia, alguns adeptos da chamada “seita” bolsonarista, entenderiam a coisa ao pé da letra e sairiam cuspindo em todo mundo, além das esculturas!
Mas, o vendedor de bananas, vende lá seu produto numa determinada avenida da Zona Norte!
Já comprara dele anteriormente, bananas!
Dessa feita houve algumas imperceptíveis controvérsias que de pronto “ganhei!”
Eu: “boa tarde! Quanto está a dúzia de bananas?!”
O vendedor de bananas: “doze reais!”
Eu: “o senhor (sinal de respeito) faz por DEZ a dúzia e troca CEM REAIS?!” (Final de mês, quase começo do outro, a “FILHA ÚNICA”, guardada a “setes chaves!”, só por milagre).
O vendedor de bananas: “Feito!”
Entreguei a “minha filha única” (CEM REAIS) para o sujeito, enquanto escolhia lá a tal dúzia de bananas e prestando mais atenção na fruta do que no palavreado, o vendedor de bananas, foi falando, enquanto, apanhava o troco. Eu acho:
“Você foi o ganhador da loteria do último final de semana, né?!”
Sem pensar na questão e ainda preocupado com as bananas, respondi sem pensar: “quem dera o fosse , meu caro!”
Depois, me perguntou em seguida: “quanto você deu mesmo?!”
Eu: “lhe dei CEM REAIS e o senhor disse que faria a tal dúzia por R$ 10,00, não foi?!”
Nem me deu atenção, me entregou o troco de má vontade e cobrou sim, os DOZE REAIS, o preço original da dúzia de bananas!
Conclui desse episódio o seguinte: o sujeito baixou o preço porque não tinha visto a “nota graúda”. Resolveu deixar o preço como estava porque concluiu que um sujeito preto, não pode andar com uma nota de CEM REAIS, a não ser que seja roubada, furtada ou que o mesmo tenha ganhado na Loteria Esportiva no último final de semana. E no final ainda queria me furtar, quando me perguntou quanto eu tinha lhe dado!
Outro raciocínio mais triste é concluir que de fato, quando não se estuda, quando se vive à margem, vendendo bananas, laranjas, e etc., e não se interessa por nada mais além disso, a capacidade de pensar diminui e o sujeito acaba sendo levado por suas crendices, seu preconceito e seu racismo mais profundo, quando ao olhar para outro indivíduo, conclui antecipadamente o que ele tem que ter, como deve se portar e como tem que agir perante sua ignorância... isso cansa! E de fato, me constrange! Porque sob nenhum aspecto, tal pessoa vai ser beneficiada e principalmente pelo aspecto espiritual da coisa , ainda vai ser pior seu JULGAMENTO PERANTE A INTELIGÊNCIA SUPREMA, que a muito custo lhe deixará em outra existência, como vendedor de pregos, de fumo (de corda) e não mais como vendedor especial de bananas...