Sem Redenção
PENSO que os mais adentrados nos anos, meu caso, de vez em quando fazem um balanço de suas vidas. Refiro-me aos que possuem sentimento porque há os insensíveis.
Nesse balanço ( em que é impossível manipular dados) costuma-se lamentar não se poder voltar no tempo. Sim, frear por momentos o fluir incessante do tempo e tentar voltar ao passado para saldar alguns débitos.
Um desses débitos é não ter feito o que podíamos fazer por pessoas queridas que já partiram. Fizemos alguma coisa, mas não o necessário, fizemos apenas a tal obrigação e às vezes sem muito entusiasmo. Que custava ter sido mais sensível e generoso? Nada, até porque todos um dia vamos necessitar de ajuda, cuidados, carinho, ternura.
Nunca fui omisso com pessoas queridas e amigas. Sempre estive presente, mas confesso que não fiz tudo que poderia ter feito. Errei é isso me envergonha. Tudo bem, é algo natural porque a vida é abrangente e temos vários encargos. Mas isso não justifica a falta de empenho. O pior é que só chegamos a essa conclusão tarde demais.
No balanço da vida isso é pecado sem redenção. William Porto. Inté.