Jeito Diferente de Afeiçoar

Juanita, uma singela moça passava o dia todo conversando com um beija-flor, jeito simples e habiatual de dialogar entre eles. Passavam longas manhãs falando do Bem-te-vi, escutando a conversa dos casais enamorados de pardais que passavam por ali a espera de alimentos. O João-de-barro não curtia muito toda aquela gente, uns porque eram espertalhões e o beija-flor por sentir-se dono do quintal.

Inutilmente Juanita tentava pescar as dádivas, pois o João-de-barro voltava para fora do quintal para não avistar a face que manifestava sorriso para si. Vivia uma situação definitivamente emaranhado, em que outros voantes não confabulavam. Em nenhum tempo, apesar disso, a Juanita esqueceu de acomodar água e quirela para o João-de-barro e de guardar barro, no momento certo.

A dona do quintal considerava que sua subordinada dispensava muitas horas lá fora, ao que tudo indicava postergar. Despediu a pobre moça, logo depois de uma longa conversa. Em pouco tempo que a Juanita saiu, os voantes entraram em total depressão e malharam-se porque não incluíram o joao-de-barro a remodelar-se.

Acredita, o mais deplorável de todos os pássaros era o João-de-barro, não concordava com o desaparecimento da jovem.

Você a tratava indiferente, e agora esta com remorso ?

Não, afirmou, está sinistro porque na ocasião não posso ignorá-lo mais.

Este e meio jeito de afeiçoar,

Ela me conhecia, sabia do meu modo, e curtia me bajular.

Melo, L. crônica. Mato grosso do Sul, Maracaju, 2024.