Entre Sem Bater - Carta de Direitos
Robert (Bob) G. Ingersoll disse:
"... enquanto a mulher considerar a Bíblia como a carta de direitos dela, ela será escrava do homem. A Bíblia não foi escrita por uma mulher. Dentro de suas folhas não há nada além de humilhação e vergonha para ela ..."(1)
Bob Ingersoll era, para a sua época, o tipo de pessoa que pensava "fora da caixinha" e usava a liberdade de expressão amplamente. Seus pensamentos e escritos demonstravam que em épocas específicas era muito difícil tolerar e praticar a tolerância.
CARTA DE DIREITOS
A expressão "Carta de Direitos" no contexto da frase de Robert Ingersoll tem um sentido irônico. Certamente, o agnóstico tinha muita experiência sobre o tema da citação pela vivência com o pai pregador.
É provável que a sua experiência política e como advogado agnóstico seja o motivo para que suas frases mereçam reflexões nas entrelinhas.
DIREITOS DA MULHER
A questão levantada na citação é pertinente e mesmo após mais de 100 anos da morte de Bob Ingersoll fica mais presente e real. Parece brincadeira mas muitas mulheres seguem pastores que fazem uma leitura equivocadamente patriarcal e machista da Bíblia.
Não é por acaso que crimes surgem do nada, "em nome de Jesus", e as pessoas tendem a "normalizar" situações surreais e absurdas.
Algum tempo atrás publiquei um texto sobre a criminosa de nome Flordelis(2). A pastora-cantora cativava a todos e todas a ponto de ter fieis seguidoras que a elegeram deputada federal. A assassina que cumpre pena cantava louvores e incentivava a subserviência da mulher. Em casa fazia sexo com filhos e filhas e urdia o assassinato do companheiro. Como se não bastasse, arrastou filhos biológicos e adotados para o mesmo buraco e vida criminosa.
SUBSERVIÊNCIA
A questão nem é, como escreveu Ingersoll, sobre se a pessoa que escreveu a Bíblia era homem ou mulher. Com efeito, segregar uma coisa pelo gênero de quem a escreveu parece ser uma afronta a qualquer carta de direitos. Entretanto, a condição de escrava dos homens e do sistema patriarcal parece ser condição sine qua non para mulheres crentes.
Assim sendo, a gritaria que cresceu sobejamente nos últimos cem anos, se com vínculos religiosos, parece ser pura hipocrisia. Em outras palavras, sem preconceito ou intolerância, parece que as mulheres religiosas que seguem a Bíblia, gostam desta subserviência. E, já que as mulheres submetidas ao Alcorão, que diferencia-se completamente da Bíblia, padecem de condições piores, a subserviência é gravíssima.
Assim como 2 + 2 é igual a 4, a conclusão de Ingersoll é corretíssima. Certamente, só existe humilhação e vergonha para as mulheres nos livros sagrados.
OUTRO LADO
Uma carta de direitos, de qualquer natureza, seja de gênero, raça, social, cível, existe e tem dois lados. O direito de um vai até onde começa o direito do outros. Portanto, fica difícil quando tomamos como exemplo as escrituras religiosas e culturas milenares que desrespeitam as mulheres.
Por exemplo, em uma viagem que fiz a um determinado país oriental a condição da mulher parece ser semelhante. Inquestionavelmente, a questão cultural difere das que as mulheres religiosas se submetem. Surpreendentemente, pela cultura oriental, elas sentem orgulho em servir os homens em rituais específicos.
Desse modo, sempre existe o outro lado em qualquer carta de direitos. E, por isso, se as próprias mulheres não vêm como humilhação e vergonha, é porque deve existir um forte motivo que afeta a cada uma.
Contudo, devemos ressaltar que o debate sobre essa junção de temas ( religião, cultura, política, direitos civis etc. ) deve antecipar os julgamentos.
Apontar dedinhos em todas as direções e não olhar para si próprio pode ser uma grande hipocrisia.
(Mateus 7:5).
(1) "Entre sem bater - Robert (Bob) Ingersoll - Carta de Direitos" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2023/03/08/entre-sem-bater-robert-g-ingersoll-carta-de-direitos/
(2) "Flordelis não é uma flor que se cheire" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2020/09/14/flordelis-nao-e-uma-flor-que-se-cheire/