Quantos sentimentos temos impressos em nosso cérebro! Quantas lembranças, quantos momentos, quantas aflições gravadas que ali ficaram e que hoje tornam-se empecilho para muitas das coisas que queremos.
Lembranças de infância, de momentos que foram insuportáveis, ou daquelas manhãs perfeitas que o mundo poderia acabar naquele instante. O relógio que gostaríamos que congelasse no tempo, ou que passasse muito depressa para não registrar algumas situações. Guardamos tantas coisas dentro de nós! Não sei como um ser humano consegue armazenar tanta coisa num cérebro. E como, às vezes, certos acontecimentos podem ser tão marcantes que nos deixam paralisados perante diversas situações em nossa vida.
Deveríamos ter um botãozinho no cérebro que pudéssemos apertar e apagar aquelas lembranças tormentosas que nos perseguem a vida inteira. E outro, que pudesse injetar todas as boas lembranças fazendo o sangue correr mais depressa, os olhos brilharem, e o corpo ser envolvido com aquela endorfina misturada com adrenalina.
Há certos momentos na vida, que a descrição mais real deles seria “um tapa na cara”. Aquele tapa que anestesia o rosto e que é como se fosse uma facada na alma. Um minuto apenas que nos arranca do chão, e nos faz completamente absortos da realidade.
Então vem aqueles momentos que seguem de incredulidade. Depois, a realidade cai como um manto, e parece até a melhor roupa que já compramos. Vem com o número certo, molda-se no corpo, não deixa nenhuma beiradinha de sonho, nem uma pontinha de dúvida. A princípio vem o pânico, olhamos para diversos caminhos sem saber o qual tomar. Ficamos a analisar a situação vendo-a sob diversos ângulos diferentes. Pensamos, repensamos. E o pior é a hora de dormir, quando deitamos a cabeça no travesseiro e os pensamentos vêm como uma cachoeira, sem interrupções. E viramos de um lado, e de outro, querendo pensar em outra coisa. Nos sentimos no meio de um oceano, sem horizonte, sem terra à vista, dando braçadas na água, tentando alcançar não sei o quê. Em qualquer situação da vida, podemos escolher sermos positivos ou negativos em relação a ela. E a melhor coisa, todos sabemos, é estarmos focados na parte positiva que muitas vezes é difícil emergir.
Como é estressante lidar com as emoções! Temos respostas emocionais de raiva, solidão, desapontamento, pena, há tantos sentimentos que aparecem e que achamos tão difíceis de se lidar com eles. Temos que tomar cuidado para que a situação não mude nada estrategicamente dentro de nós, pois sabemos que todas as situações difíceis nos ajudam a crescer e não podem nos destruir.
A nossa existência é cheia de desafios, enfrentamos tantos e tantos pedaços e situações difíceis, e sabemos serem inevitáveis na parte da vida de cada um. Os problemas são sinais de que algumas mudanças precisam ser feitas. Temos que fazer o possível para enxergá-los em sua neutralidade. E a principal coisa a fazer - a mais difícil para mim! - é controlar as emoções e pegar com o “inner” no contexto da situação. Tentar seguir sendo guiados pelas nossas intuições e experiências. A parte mais difícil é reconhecer o problema. Não adianta querer enganar a nós mesmos e pintar de colorido o que não é. E embora marcas profundas fiquem, aprendi que com o tempo tudo passa.
Descobrimos que somos mais do que os nossos problemas, do que as nossas dores, que somos mais do que as nossas limitações; somos seres de luz, de amor, de sabedoria, parte de algo maior, de um propósito divino, de uma missão sagrada.
A nossa existência é um milagre, e devemos celebrá-la com a nossa fé e esperança.