BISPO ALCAIDE
A sabedoria popular ensina que futebol, política e religião não devem ser discutidas, pois invariavelmente levam a lugar nenhum. Partindo dessa premissa, nós moradores dessa cidade maravilhosa ficamos literalmente numa sinuca de bico, vivemos sob a tutela política de um bispo, que despreza futebol e rejeita samba em um território que se cultua tanto esse esporte e rivaliza com a Bahia quando o assunto são nossas origens africanas, tanto no quesito religião, quanto no molejo de dançar ou jogar bola.
A cidade do Rio de Janeiro vem passando por traumática experiência evangélica, aliás, anda na moda essas novidades retrógradas, e o Brasil parece que sentiu saudades de nossa longa jornada militaresca do pós golpe, e acabamos elegendo democraticamente um certo capitão Messias.
No RIO, esse Bispo Licenciado e Desorientado aprontou muitas e boas, então, quando se sentiu em vias de ser impixado, usou toda sua capacidade de evangelizar e transformou num piscar de olhos, nossos nobre$ vereadore$ em veneradore$, fica facinho imaginar como!
Dentre as novidades implantadas merece citação a nova estratégia para a Atenção Básica em saúde, esse clérigo instalou equipamentos de última geração em filiais de sua seita distribuídas pelo território da cidade, logo botando em prática a estranha sigla PPP, que inova, ao transformar em privada, bens públicos, isso sim é levar vantagem em tudo( coitado do Gérson, para os que lembram a origem desse lema).
Em sua campanha eleitoreira cravou o slogan “cuidar das pessoas” daí foi um pulo para a criação do Programa da Saúde Evangélica – PSE, onde fazer uma tomografia computadorizada ou uma ressonância magnética bastava se cadastrar na agência da Universal mais próxima a sua residência, e para tal valia apresentar o último contracheque, a partir daí, seu dízimo será descontado por débito automático em qualquer dos cinco maiores bancos nacionais, que já haviam anteriormente firmado convênio com a Universal.
O bispo depois de ter em mãos a “gaiola de ouro”, entendeu que podia tirar uma onda de rei Midas, resolvendo alçar seu filho na política, e não pensou pequeno, o Crivella Júnior deveria começar sua brilhante carreira política, já como deputada federal, pulando os ciclos de vereança e de representante estadual, seria de cara um malandro federal. Apesar de usar e abusar do poder discricionário, viu frustrarem seus delirantes sonhos de uma noite de verão.
Parece que o bispo gostou mesmo de desgovernar a cidade, como seu índice de rejeição se achava num patamar que inviabilizaria sua permanência no poder, resolveu pegar pesado.
Pegou um avião e foi a Brasília pedir apoio a Messias, depois de muita conversa, acabou entregando sua alma ao capitão. Em troca, além de umas fotos sorridentes ao lado do mito, recebeu de mão beijada dois candidatos de peso a veneradore$, e assim engrossou as fileiras de seu partido republicano (isso lembra alguma coisa). Por outro lado, o caçula Carluxo, mentor do “escritório do ódio” e sua gestora Rogéria Bolsonaro agora passaram a vestir as cores do Republicanos.
Logo saberemos se sua estratégia deu frutos, pois o nervosinho que busca seu terceiro mandato, corre solto a frente das pesquisas, e a delegada de polícia divide um empate técnico com esse bispo da igreja Universal.
Sonho, cada vez com mais ansiedade, com o dia que os milicos restrinjam suas ações à caserna e religiosos trabalhem apenas com a parte espiritual da população.