UMA GUERRA BEM DIFERENTE
Aquela inoportuna visita de nosso ditador ao colega Putin, por incrível que pareça foi estratégica, num primeiro momento de difícil compreensão, pois todo mundo sabia que forças armadas russas estavam apenas esperando a ordem de avançar sobre território ucraniano.
O presidente capitão não aguentava mais de ansiedade, para saber quando o foco da mídia, finalmente botaria em segundo plano, essa já prolongada pandemia, colocando foco na invasão russa.
Ao contrário de tudo que foi noticiado, o objetivo da missão seria de preservar a compra, e quem sabe até ampliar o leque de venenos russos para o agronegócio, que tem pouca saída para o mercado do mundo civilizado.
Na realidade, o capitão precisava de uma data para a invasão, pois queria levar adiante sua guerra de expansão territorial para seus principais apoiadores, essa ação se daria preferencialmente sobre terras indígenas já demarcadas, e claro, não abriria mão de uma guerrinha bacteriológica, e assim eliminar qualquer vestígio anterior de população no local.
Desta vez, a boiada que passaria não seria mais aquela de ladrões de galinha amazônica, o negócio agora envolvia grandes empresas mineradoras, e o objetivo era transformar a Amazônia numa nova Minas Gerais do Norte, afinal qual é mesmo a utilidade de florestas e indígenas, quando o subsolo dessas áreas tem riquezas incomensuráveis, adormecidas sabe-se lá há quanto tempo.
A compra no atacado de nossos parlamentáveis dessa vez fora bancada pelas mineradoras, e não tinha chance de erro, seus quadros são dotados de hábeis negociadores, vide exemplos de Brumadinho e Mariana, onde mataram um Boeing de moradores, e passados muitos anos, seus parentes sobreviventes estão ainda a ver aviões, como Minas não tem mar, resta essa única opção para ser observada.
A irresponsabilidade dessas empresas extrapola qualquer estimativa pessimista, sua irreverência é tanta, que não toma conhecimento de nada, vide o exemplo de Mariana, patrimônio da humanidade e agora passamos para o capítulo mais lamentável, nem mesmo a antiga capital das alterosas ficou imune ao avanço da destruição.
Faz algum tempo que a fuligem produzida por uma dessas muitas indústrias metalúrgicas faz parte da composição do ar de Ouro Preto, nesse momento uma nova tragédia anunciada toma corpo, uma destas muitas piscinas de dejetos minerais, feitas literalmente nas coxas, aguarda seu momento catastrófico sobre a histórica Vila Rica.
Enquanto isso, nossos parlamentáveis lambuzados pelas verbas privadas recebidas, aguardam avidamente o momento de aprovação do PL 191/2020, quando enfim, terão direito a segunda parte do melado.
Bobinhos esses nossos artistas e intelectuais se deslocaram até o planalto central, cantaram, leram palavras de ordem, criticaram o capitão, visando sensibilizar os membros eleitos para nos representar, mas que depois de assumirem seus cargos, deixam a ética no estado de origem e ficam a espera do leilão de apoio às bancadas, mas claro, seguindo a tradição venal, estão sempre aptos a mudar de time.
O óbvio aconteceu, nem mesmo a imprensa abriu um generoso espaço para esse legítimo protesto. Alguém lembrou que Caetano, um dos presentes no palco, há muito tempo cantando SAMPA, lembrava “da força da grana, que ergue e destrói coisas belas”.
Enfim, la nave va.