🔵 Cine Star
Nos filmes, histórias de cinemas que intitularam, viraram quase personagens, não é incomum. Como não é rara a lembrança de um cinema que marcou a infância, depois virou igreja evangélica. Mais, isso é quase um clichê. O ‘Cine Star’, em Guarulhos, seguiu esse roteiro; só foge do clichê, por ser no centro de uma cidade grande e ter se tornado o imóvel da Câmara dos Vereadores de Guarulhos.
Geograficamente, localizava-se numa colina. A considerável distância de meu bairro periférico tornava a frequência um acontecimento sazonal, portanto, precário em lembranças de grandes acontecimentos. No entanto, transbordando recordações da galerinha mirim e dos filmes que marcaram os anos 80: E.T. : o extraterrestre, Karatê Kid 3 e Rock 4, entre outros.
Isso está sendo nostálgico demais, e toda nostalgia é meio piegas, mas, exagerando nas recordações baratas, voltarei a descer a escadaria do ‘Cine Star’. Não é novidade sair de uma sala escura de cinema surpreendendo-se com a luz do Sol, enquanto, a particularidade do cineminha de Guarulhos era a saída lateral. Igual aos filmes, que levavam a um outro lugar, aquela porta de emergência desembocava na rua lateral. Tudo isso causava um breve atordoamento que tornava brusca a volta à realidade.
Aventurar-se ao antigo cinema do centro nunca vai se comparar a ir a um cinema de shopping center, muito menos ao streaming. Aliás, o cinema está para a ‘Netflix’, como o futebol de rua para o videogame. Não que o avanço da tecnologia não seja muito melhor, isso seria o mesmo que dizer que pegar um ônibus para ir à biblioteca era melhor que “dar um Google”. Contudo, justamente, combinar e juntar a turminha para enfrentar um “busão” é que era a graça e transformava assistir a um simples filme ou fazer um trabalho escolar, respectivamente, em um evento inesquecível.
Por ironia, imponência do nome ou referência aos artistas dos filmes, o ‘Cine Star’ foi nomeado com o que é difícil ver na cidade da região metropolitana de São Paulo: estrela.