FATOS URBANOS

A pandemia tem restringido a circulação de boa parte da população urbana, aliás, esse Corona vírus parece se sentir melhor em cidades, principalmente naquelas mais populosas e com maior densidade demográfica, o melhor exemplo internacional é Nova Iorque, recordista de casos e óbitos, claro que em termos locais, SAMPA, a Big Apple tupiniquim seguiu o exemplo estadunidense, com a Covid 19 fazendo grandes estragos parciais ou definitivos.

Essa introdução toda se fez necessária para que melhor se entenda o esvaziamento do principal centro histórica do país, a zona central do Rio de Janeiro. Foi no caminho para o Centro hoje que me saltou aos olhos o esvaziamento dessa requintada região da cidade. Da estação Largo do Machado à Carioca, no meu vagão contei três passageiros, nas estações intermediárias ninguém entrou ou saiu um detalhe importante, isso aconteceu numa segunda-feira no entorno das dez horas da manhã.

Na saída da estação ainda tive minha percepção iludida pela quantidade de vendedores e suas mambembes barracas. A Avenida Rio Branco que já ficara estranha depois da retirada dos ônibus no seu trecho mais preservado, ficou agora mais deprimente com os modernos Veículos Leves sobre Trilhos - VLTs e seu sonoro blim blim comunicando sua passagem quase fantasma, sempre cheio de ar condicionado.

Naquela que já foi a Avenida Central que junto com a Central do Brasil evidenciavam a centralidade da antiga capital federal e que convivia com muito público e grandes lojas com vitrines de vidro onde resplandeciam desejos bem iluminados e coloridos, mas que hoje fechadas, expõem a monotonia sem vida de suas portas reforçadas.

O cenário da Rua Nilo Peçanha que já teve seu momento de glória, agora apresenta de um lado a sede BANERJ toda escondida por tapumes e em frente o Buraco do Lume uma cena de abandono, inclusive pelos ambulantes. Esse polêmico poliedro se transformou num espaço apropriado por pombas e população de rua. A coisa anda tão absurda que atravessar esta rua demandava atenção e longas esperas, até um semáforo permitisse a travessia. Hoje minhas travessias de ida e volta não exigiram espera. Outro detalhe, até vaga para estacionar estava disponível nessa ex tumultuada localidade do Centro.

Nesse pequeno trecho que caminhei deu para sentir que as pessoas efetivamente não querem mais saber de máscara, uns poucos ainda as carregam para proteger o queixo, não sei bem de que. Mais a surpresa maior foi à encontrada na volta do metrô. Embarquei numa composição com destino ao Jardim Oceânico e pasmem a música dessas superpotente caixas de som de última geração tocava um funk, daqueles com letra impublicável. Um grupo de aproximadamente quinze adolescentes com cabelos femininos coloridos ou masculinos descolorizados dançava, bebia cerveja e comia um monte desses produtos super processados. Ainda bem que apenas três estações separavam a origem do destino

O noticiário tem enfocado o problema da vacância dos escritórios, que em um primeiro momento tiveram seus preços de aluguel e venda reduzidos e isso se acirrou quando empresas resolveram implantar o home office, para um retorno mais rápido a atividade produtiva e que de imediato fez bem ao bolso do patrão. Em seguida, o empregado descobriu que também passou a economizar tempo e dinheiro, tempo de viagem e dinheiro do custo de transporte e da alimentação fora de casa. Difícil encontrar uma solução que efetivamente agrade a gregos e troianos, essa superou todas as expectativas. Logo, teremos reflexos concretos dessa atitude. A saída mais conciliatória para estes proprietários de imóveis comerciais seria a própria prefeitura estimular a readequação desses imóveis.

Quem tem experiência nessa área sabe que imóveis residenciais em áreas infraestruturadas tem liquidez certa, e claro, quem sair na frente vai levar vantagem.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 06/01/2024
Código do texto: T7970524
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