Doze voltas ao redor do sol, na Terra da Garoa

Foi numa quinta-feira chuvosa, dia 5 de janeiro de 2012, que eu desembarquei na Terra da Garoa. Aos 36 anos começava uma vida nova, ao lado do marido e da filha pequena, sem olhar pro que ficou pra trás (casa, carreira em ascensão, amigos, família e tudo que eu conhecia). Com uma única certeza: que eu faria dar certo. 💪🏻

Só o tamanho do apartamento já impressionava. Era mais que o dobro do meu em Porto Alegre. Vazio, provocava calafrios quando a Ana pedalava sua motoca rosa, no melhor estilo Danny Torrance do filme O Iluminado. 😱 O eco era superado pelo barulho constante dos ônibus, motos, carros e ambulâncias da frenética Avenida Santo Amaro.

Já no primeiro dia, me perdi no estacionamento do edifício e seus 5 subsolos. Tudo era superlativo na cidade. A vista do vigésimo terceiro andar era um oceano de prédios e aviões voando baixo, prestes a pousar em Congonhas. Quando finalmente fez um dia de sol, deu pra ver uma camada espessa na linha do horizonte: a famosa poluição da metrópole de 12 milhões de pessoas.

Assim que eu descobrisse como sair do condomínio 🤦🏻‍♀️, o plano era aprender a me locomover pelas ruas. Depois de algumas corridas de táxi com motorista que acabou virando amigo, me familiarizei com o trânsito e seus congestionamentos quilométricos. São Paulo me intimidava e excitava, quase na mesma medida. Não custou para eu me apaixonar perdidamente pela selva de pedra.

Hoje me sinto em casa na Paulicéia. Deu tudo certo como eu previ. Tive mais um filho; outros empregos e até mudei de carreira; viajei; conquistei novos amigos extraordinários; construí uma rede de apoio maravilhosa e até adotei 2 gatos.

As experiências foram muito mais ricas do que eu poderia imaginar. Os desafios, perdas e dores, também superlativos, me ensinaram mais que uma universidade de Harvard.

Fácil não é, até porque se fosse, não teria a menor graça. Mudança, mesmo que pra melhor, sempre tem perrengue, desconforto e vários inconvenientes.

Pois agora encerro mais um ciclo. Quando a gente se acostuma é hora de começar de novo. Expandir o próprio universo, esticar mais um pouquinho a corda.

Porque uma das coisas mais poderosas que eu aprendi é que o meu lar sou eu mesma. E que tudo sempre dará certo, porque eu vou comigo pra onde quer que eu vá.

IG: @mirandaboth_

Miranda Both
Enviado por Miranda Both em 05/01/2024
Código do texto: T7969769
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