A União de Dois Inteiros e a Paz
A União de Dois Inteiros e a Paz
Delasnieve Daspet
Publicado no Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul – Caderno Arte &Lazer – pág.3C – 04.01.24
E nós o que fazemos? Apenas pequenas discussões que terminam apontando como culpado os órgãos governamentais. Mas nem na hora de votarmos, nos preocupamos se o candidato escolhido é mesmo alguém que irá falar em nome do povo, ou se já tem em seu currículo algum trabalho que o identifique como o
candidato mais adequado.
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher.
Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei.
Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma ideia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo
mesmas.
Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras .O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem. O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades.
E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso.
Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.
Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.
Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro.
Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo!
Temos de nos educar para a paz. Educar para a paz significa abrir as mentes e os corações ao acolhimento de valores para uma sociedade pacifica. Um projeto para toda a vida, Onde cada um de nós é responsável por si e por todos, Capaz de promover o seu bem e o dos outros.
Esta formação para a paz será tanto mais eficaz, quanto mais convergente for a ação educativa e social.
SAWABONA!
SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África e quer dizer: "EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM.
SAWABONA!!