Ano novo de novo???
Fica a pergunta no ar e na cabeça da gente, matutando-se no vaivém dos calendários que se renovam a cada janela de um ano que se vai...
É a rotina anual, isto é, o ano novo começa já se preparando para a chegada do ano vindouro.
Alguém dizia e muita gente ainda diz: “o tempo está correndo depressa”.
Como se alguém superior a todos nós, ainda que não seja deus, houvesse adiantado os relógios não só do planeta, mas de todo o universo, haja vista a harmonia do movimento universal, que jamais se descompassaria ou se desencontraria, causando um caos no tempo.
O certo é que nem tudo está certo... E, por certo, nem tudo está errado. Ou seja: vamos nos relativando nas vicissitudes de cada dia.
As pessoas andam muito apressadas, com olhos grudados em aparelhos celular, conversam com quem está longe, esquecem os que estão próximos; seguem e curtem amizades com quem nunca esteve presencialmente, nunca sentiu o calor de um abraço ou um aperto de mão; com quem jamais trocou “farpas” num entrave coloquial e depois tudo bem; com quem jamais compartilhou um segredo ou um chá presencial numa tarde de domingo.
Sem motivos aparentes andam pelas ruas, atropelando o tempo e a atenção de um conhecido que passa...
Uma loucura pelo consumismo e consomem-se nos “black fridays” da vida; nas preocupações com a aparência física, consomem-se no consumismo da estética corporal; nos ditames da ditadura tecnológica; na intolerância política, religiosa e demais segmentos sociais; se perdem nos labirintos do fanatismo; atacam e agridem as opiniões alheias, num retorno às cruzadas que jamais deveriam ter existido. Assim, o ano novo, já envelhecido, vai sumindo na poeira das curvas do tempo que não para.
E eu aqui, entre um vinho e outro, ao som dos fogos se misturando com o artifício da sinfonia do momento, num pra lá e pra cá, não me dei conta de que já era “ano novo de novo”.