A MINHA RESILIÊNCIA NO CAMPO PSICOLÓGICO

A minha saga sobre este tema está contada no meu livro APOSTASIA INVOLUNTÁRIA que pretendo publicar brevemente. Por enquanto já lancei dois: MENTIRAS INOFENSIVAS E PARADOXOS CORRIQUEIROS e mais recentemente um e-book A FORTUNA QUE CAIU DO CÉU, pela Amazon. Mas voltando ao primeiro assunto posso fazer uma síntese da minha apostasia involuntária apenas ratificando que só não me formei padre por um único motivo: desativação do seminário em Teresina em 1969 por determinação da igreja católica, pelo que tudo indica, forçada pela ditadura militar em vigor naqueles tempos plúmbeos. Somando a censura em todas as áreas culturais com as prisões, seguidas de mortes ou misteriosos desaparecimentos de políticos e outras pessoas públicas, neste rol de arbitrariedades do governo da época, infelizmente o nosso colégio interno teve que ser desativado. Sofrendo o disparate desta decisão, chegamos a compará-la com um viveiro ou gaiola, quando de repente, foram abertos e como se cortassem as asas dos seus ocupantes os mandassem voar. Pura ironia do destino. E eu era um "FERNÃO GAPELO GAIVOTA" daquele bando. Tive que reaprender a treinar outro voo em dimensões bem diferentes. E foi então que ao saber disto, a minha família que estava morando em São Paulo me acolheu em seguida - 1970 - e aqui tive comecei uma vida totalmente diferente daquela que levava "preso" durante sete anos, o que não são sete dias. Com a minha vocação sacerdotal em jogo e em perigo, bem que ainda tentei me reintegrar nesta caminhada, recebendo até visita de um padre em minha casa, mas os meus pais nesta ocasião puseram as cartas na mesa: "O nosso desejo era que o nosso filho aqui fosse um padre, mas agora que ele chegou e os meus outros filhos que sustentam a casa vão se casar, nós precisamos que ele comece a trabalhar para pagar o aluguel etc." E foi assim que o meu anelo se evaporou, implodiu. Foi como se um "castelo" dos sonhos se desmoronasse e aí então começou a minha resiliência solitária e silenciosa. Não sofri nenhum dano físico, mas psicológico não tive nenhuma dúvida, tendo como testemunhas apenas lágrimas cálidas escorrendo pela minha face em várias madrugadas sem que ninguém percebesse. Mas Deus me deu forças para ao menos, após 15 anos trabalhando e ajudando aos meus pais, neste ínterim, já quando eles tinham voltado ao Piauí, eis que conheci uma jovem, por sinal, recém-chegada também daquele Estado e começamos a namorar e casar no ano seguinte. Formei uma pequena família com dois filhos, hoje casados e agora sou avó de dois lindos netos de 10 e 13 anos, respectivamente. Se "Deus escreve direito por linhas tortas" eu não sei, apenas tenho absoluta certeza de que isto é a pura verdade.

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 03/01/2024
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