NEM SEMPRE A GRAMA DO JARDIM DO VIZINHO É MAIS VERDO DO QUE A MINHA.

Contradizendo um pouco este adágio quando proferido de maneira positiva, sem querer entrar muito no mérito da questão, como se isto fosse um ponto invejoso, quando digo que nem sempre a grama do outro lado da nossa casa está mais verde, pode sintetizar um pouco de uma visão deturpada de que "sempre as coisas dos outros são melhores do que as nossas, inclusive ao se tratar de produtos importados de várias especialidades, formatos e natureza, quase chegando ao "complexo de vira- latas" propalado há muitos anos pelo egrégio Nelson Rodrigues. O ideal é que este tipo de comportamento fosse excluído até do nosso vocabulário, uma vez que, além de conter o menosprezo tupiniquim, automaticamente passas a vangloriar o que é dos outros, gratuitamente. Nesta questão o bom senso, a coerência tem que prevalecer para que a balança não pese só para um lado, injustamente.

Quer um exemplo bem simples sobre este assunto de que as coisas dos outros são melhores? Nesta época de festas de fim de ano, quem moram em condomínio principalmente, sem querer, quando algum vizinho resolve preparar uma bela ceia, ao invés de comprá-la como nos tempos hodiernos muitas famílias fazem, durante o requintado e minucioso preparo, de uma maneira ou de outra aquele cheiro gostoso se espalha pela vizinhança aguçando o paladar dos vizinhos através do olfato. Só que, concomitantemente, mesmo que em nosso apartamento também esteja sendo preparado iguarias praticamente idênticas, no caso, um peru, pernil etc., a tendência de alguns é que venham até achar que o cheiro que vem de fora é que é sempre mais delicioso. Ledo engano, assim como a grama do vizinho, que um pouco de longe parece mais verde, mas quando se está bem próximo, perceber-se-á algumas falhas e irregularidade até mais gritantes do que a nossa.