Um caderno de asas
Certa vez o escritor Ubaldo Ribeiro disse que "escrever é a arte de rasgar o papel". É bem verdade porque estamos sempre escrevendo, revisando, rasgando papel, jogando fora e recomeçando tudo novamente.
Embora eu ame lidar com o computador e toda a tecnologia que o envolve, vejo-me sempre voltando ao velho método que acalma, tranquiliza e traz paz ao coração: O caderno.
Gosto de sentir a caneta deslizar nele. Parece que os textos nascem com mais facilidade.
Eu sinto não ter guardado "O diário da borboleta azul" e, por ter me desfeito daquele velho caderno qual com as mãos tremendo de ansiedade arrisquei as primeiras linhas de um turbilhão que estava dentro de mim. Quando foi me dito: "Escreva tudo o que você está sentindo sem se preocupar com A,B ou C. Apenas escreva!" Aaaah, aquilo foi um bálsamo derramado em minha cabeça! Fazendo-me lembrar da época de adolescente onde eu havia feito essa promessa de escrever um quadrinho com dois balõezinhos que fossem, não importava, e sim que eu escrevesse antes que chegasse a velhice.
Demorou pois atravessei tantos desertos e a disciplina nunca foi meu forte. A resiliência tive que aprender trabalhar a duras penas porque nem eu sabia o que era isso. Se eu tenta-se algo a primeira vez e por algum motivo não desse certo eu simplesmente mandava tudo as favas! Paciência zero!
Mas se tem uma coisa que aprendi na minha vida "borbolística" é que é necessário insistir, tentar, lutar e mesmo que não aconteça nada, o fato de ter aprendido com as várias tentativas já valeu a pena e
já nos torna pessoas mais evoluídas.
Aquele caderno com algumas manchas de café,
gordura de batata frita e chocolate tinha a minha cara, minha impressão digital onde eu escrevia textos bobos que ao longo do tempo fui lapidando. Palavras francas, românticas, dramáticas... Aqueles devaneios terminaram de certa forma por me ensinar e deram "asas a minha alma".
Lembrando disso, decidi nesse dia 27 de dezembro de 2023 ir até a cidade, entrar numa pacata papelaria do centro e comprar um novo caderno para começar o ano sem perder minha essência. E assim, desejando também que esse caderno acolha minha alma em suas páginas e prepare meus sentimentos. Com muito mais maturidade é claro, antes da história ser conhecida.
Andreia Caires