Minha vida após a Mega da Virada

Pois é, vejam vocês. “Quem espera sempre alcança”, não é o que dizem? Depois de uma vida inteira esperando, várias combinações afetivas de números, promessas feitas a todos os santos, expectativas criadas em torno desses cifrões… ainda não foi dessa vez.

A minha é uma das 485 milhões 250 mil apostas frustradas nesta edição da Mega da Virada. Cinco queridezas vão dividir os quase 589 milhões de reais - ou um pouco mais de gente, porque teve ganhador de bolão. Mas podemos chamá-los de sortudos? (Spoiler: sim, podemos!)

Invejosos dirão: “Esse pessoal deve estar é quebrando a cabeça agora pra saber no que investir! Bolando planos mirabolantes para ninguém descobrir que ganharam. Fazendo listas e mais listas do que comprar primeiro, dos lugares para viajar. Gastando já por conta muitos lulas* em veuve clicquot. Vidaloka total nos próximos 6 meses. E, daqui a um ano e meio, estarão provavelmente mais pobres que no dia 30 de dezembro passado. Imaginem as pessoas só se aproximarem de você pelo seu dinheiro?”

Bem que queríamos esses problemas acima, não?

Sendo que eu já sabia exatamente o que fazer com a minha parte. Não costumo investir em jogos de azar, apenas na Mega da Virada (que jogo todo ano, há vários anos, como uma espécie de ritual passivo-agressivo / megalomaníaco / fantasioso com notas de psicopatia e esquizofrenia).

A questão é que toda vez tenho certeza absoluta de que vou ganhar. Então, já tenho destino certo para cada centavo. Como sou esperançosa mas realista, também sempre tenho um plano B engatilhado para a eventualidade de eu não ganhar (o que invariavelmente acontece).

Todo dia 2 de janeiro eu me levanto, revejo mentalmente o que vou fazer com meus milhões, repasso a alternativa e vou cuidar da vida até mais ou menos umas 10h da manhã. Só daí confiro os números. Não ganhando, já executo imediatamente o plano B, sem nem um segundo de lamentação. Ganhando… bom…

Conto pra vocês dia 2 de janeiro de 2025.

Agora me dêem licença que eu vou ali ligar para meus parentes fictícios de Bom Despacho (MG), Ipira (SC), Salvador (BA) e Redenção (PA).

*lulas: termo cringe para reais, moeda corrente do Brasil em 2024.

Miranda Both
Enviado por Miranda Both em 02/01/2024
Código do texto: T7967450
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