É tarde da noite e estou aqui, relutando em dormir. Já fui ao Facebook visitar a página de meus amigos; gosto de fazer essa ronda noturna porque aqui, nesse País, meus amigos reais posso dizer que são quase virtuais - quase não os vejo. Gosto muito das comemorações brasileiras. Incrível como as festividades de Ano Novo são diferentes daqui. Aí, tem vida! Vi alguns de meus amigos dancando, outros na praia esperando para pular sete ondas, uma das tradicoes mais conhecidas para trazer sorte no ano novo. Entrar no mar a meia noite, saltar sete ondas enquanto faz sete desejos. Após dar os pulos e fazer os pedidos, sair do mar sem dar as costas para a água. Outros se vestiram de branco, representando a serenidade, harmonia. 

 

Por algum tempo - nada a ver com a pandemia-  ficamos sem esperar a virada da meia noite. Ou dormíamos no sofá assistindo o "balldrop" em Nova York, ou íamos para cama antes. Mas, esse ano, resolvemos fazer algo diferente: fomos jantar no Restaurante Italiano “Maggiano’s Little Italy”. No exame de DNA que o Roque fez há anos atrás -  presente de minha filha - o resultado foi - 97.4% Italiano! Isso significa que, aqui em casa, tem macarrão pelo menos uma vez por semana e nada como comemorar o Ano Novo com uma massinha!

Eu já ouvi dizer que existe esse restaurante aí no Brasil. É muito bom, ambiente delicioso, toca música italiana, o pãozinho é especial. Quando chegamos, estávamos perto da árvore de natal conversando, esperando o maître, e, de repente, parou um dos garçons na nossa frente, com o maior sorriso: “Boa noite! Feliz Ano Novo!”

Encontramos um brasileiro! - ou ele nos encontrou!. Só podia ser carioca, super expansivo, e contou que mora aqui há 9 anos. Pedimos para ele tirar uma foto nossa. Como o brasileiro é diferente do americano! Ele se sobressai pela naturalidade, falou com a gente sem formalidades e aquele sorriso aqueceu nossa noite!

 

Saímos do restaurante e dirigindo por Cincinnati não tinha uma alma viva na rua: não é assim que o brasileiro fala?. A temperatura estava abaixo de zero, e dava para sentir na pele, mesmo agasalhados!

Voltamos para casa e nos aninhamos no sofá para assistir  um filme de ficção científica no Netflix, “Rebel Moon” no basement. Aí vai nosso esconderijo.

 

 

Antes de dormir, paramos em frente da árvore de natal. Sim, não a desmanchamos ainda, e adoramos ver as luzes piscando! Sentamo-nos para admirá-la e aproveitamos para  fazer uma prece e agradecer o ano de 2023, já que a cestinha com o Menino Jesus ainda estava lá. Ele nos acompanha em todas as viagens que fazemos, foi um presente dado por uma vizinha no dia do nosso casamento. O travesseirinho foi minha sogra quem fez com sua maravilhosa simplicidade.

 

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Talvez o Ano Novo não seja apenas uma data no calendário, mas uma oportunidade de renovar nossos laços com as nossas raízes, com as nossas culturas, com nossos amigos e familia. Talvez  seja uma chance de reencontrar o que nos faz felizes, mesmo que seja longe de casa,  mesmo em um lugar frio, com a surpresa de um sorriso carioca.

A vida é feita de Ano Novo, de árvore de natal, de brasileiro e americano, de italiano e macarrão e  brindes com taças de vinho merlot.

A vida é feita de histórias, como essa que eu acabei de contar.

Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 02/01/2024
Reeditado em 02/01/2024
Código do texto: T7967178
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