🔴 Previsões para 2024
Os textos de Nostradamus me encorajaram a escrever acontecimentos futuros, assim como a chuva de picaretas dizendo previsões previsíveis, bem como, macabras e inexoráveis: um avião cairá, um artista vai morrer. O exercício de futurologia dura até aquela velha canção “Adeus, ano velho. Feliz ano novo”. Igualmente impossível de ser comprovado, o horóscopo, que parece escrito por um estagiário, é tão aleatório quanto pouco confiável.
Então, resolvi escrever algo tão fugaz, irresponsável, genérico, vago e aleatório, que será impossível refutar. Claro que, mesmo que num “duplo twist carpado” ou contorcionismo interpretativo, podendo encaixar algum acontecimento com meus prognósticos, voltarei bradando: Eu não disse!
Sem mais delongas, vamos às mentiras, digo, previsões:
— E uma bola de fogo cruzará o céu, arrastando a verdade do caminho;
— enquanto a Terra dorme, revelar-se-á a verdade mais contundente;
— exércitos armar-se-ão e, pegando o inimigo desprevenido, combaterão;
— o melhor dos generais sucumbir-se-á aos sortilégios da escuridão;
— gelo e fogo serão o maior inimigo;
— uma grande explosão abrirá os portais.
O texto é uma porcaria e não quer dizer nada. O anacronismo, as mesóclises e as inversões de frases até impressionam, mas são tão vazias quanto constrangedoras. Desse modo, tento enganar quem, bem sei, no meio do ano já haverá esquecido destas inverdades. Minha meditação de almanaque, um rompante de charlatanismo e as conclusões rasteiras estão aí. Indecifráveis, mas estão aí.
Minhas ridículas previsões são tão genéricas quanto as Centúrias do velho charlatão Nostradamus. Meus chutes premonitórios abrangem uma amplitude que torna verdade desde o estouro de um traque até uma explosão atômica ou o choque de um cometa. É sempre bom lembrar, há 5 séculos, o antigo profeta previu o fim do mundo que nunca chega, e quando ele acertar, ninguém poderá atestar.
Todos os anos que arrisco acompanhar as adivinhações, até tento acreditar nas revelações, mas desembocam num desfile de desgraças e infortúnios envolvendo ricos, famosos e subcelebridades importantes quanto uma notinha de rodapé de site de futricas. Não tem jeito, sempre me sinto folheando uma revista de fofoca de artista ou assistindo a um programinha vespertino.
Quando as elucubrações são plausíveis, portanto, dignas de atenção, são previsíveis por qualquer um que leia manchetes numa banca de jornal, comentaristas, especialistas ou analistas.
Foi aí que tudo fez sentido