O ano civil de 2023 é o representante oficial da minha esterilidade. Confesso ansiedade e frustração comigo mesma. Foi difícil produzir um bom texto, contribuir para que os leitores usufruissem de alguma boa mensagem. Sinto-me paralisada pela avalanche de informações contraditórias, repetitivas, falsificadas. Quero abstrair, concentrar-me, sentir-me útil. Mas não fui forte o suficiente para livrar-me desse emaranhado de textos, fotos e vídeos, dessa loucura crescente que me anula. O redomoinho diário me joga ora para um lado, ora para outro. Acabo o dia exausta, sem ânimo para iniciar um bom diálogo entre meus olhos e meu cérebro. Vejo alguns poetas em seu esforço para expor pensamentos e sentimentos. Percebo o quanto tem sido difícil receberem retorno dos leitores que os estimulem a produzir mais e melhor.
Assim como na literatura, as demais formas de expressão parecem descer ladeira, vertiginosamente. Meu cérebro tenta ser seletivo, expremer, enxugar para extrair a essência da proposta e do trabalho. Pouco resta.
O Mundo está, como sempre, em guerra. A indústria armamentista não pode parar. São milhões de empregos e trilhões de dólares em jogo. Os inocentes estão desamparados, A poesia se perde em meio ao tiroteio ininterrupto das batalhas, onde morrem como passarinhos dezenas de combatentes todos os dias. O grito de dor tornou-se rotineiro e já nem é mais ouvido pelos apressados. É preciso correr. Para onde? Acreditamos que lá longe - quem sabe? Talvez seja melhor. Voltamos a ser nômades. Viajamos para longe. Segundo Richard Bach, "longe é um lugar que não existe". Então viajamos para o vácuo?
Mas creio na força da comunicação. Haverá um momento em que vozes sensatas nos arrastarão para fora desse pesadelo. Poderemos viver cada dia de 24 horas, hora por hora, minuto por minuto, sem medo, sem pressa, sem susto, sem avalanche de informações que só nos estressam e confundem.
Em 2024, quero juntar-me a essas vozes para vencer a mim mesma e ajudar aos meus amigos no redirecionamento do foco.
Feliz Ano Novo!