O TRABALHO ENOBRECE...

(OBS: julguei que tinha publicado este texto na época, mas parece que me enganei !)

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O TRABALHO ENOBRECE...

Faltou pouco, lá pelas 13hs dessa sexta-feira, 30/junho, para eu partir "desta para a melhor", sem mala nem bagagens, sem beijos trocados de despedida. Ao descer do ônibus 902 (águia, no Jogo do Bicho) o pino da sandália "de pobre" cedeu e o pé desceu ao solo num supetão, levando o velho corpo junto. Era pouco, jogou-me no chão de asfalto duro com o rosto e a mão esquerda a centímetros do pneu enorme. Felizmente, o motorista atento freou antes, evitando uma morte pavorosa. Antes que a "Inevitável" venha em definitivo faço este singelo depoimento em favor de uma família que progrediu trabalhando, somente trabalhando, dia e noite. Ampliou os negócios, deu emprego a vários dos seus e para outros jovens, partiu da Marcenaria para loja de comidas, quitanda e, adiante, padaria... E FOI CRESCENDO !

Se eu disser que tudo iniciou numa garagem de caminhão (caçamba), lá por 1984 ou 85, local emprestado, os leitores dirão que é impossível. Pois a realidade os desmente ! Meu irmão "Carioca" os conheceu por acaso em 1987 enquanto jornaleiro no bairro Cidade Nova 8... é tudo um bairro só, com 5 ou 6 "setores", do I ao IX, entenda quem quiser. Ajudava com o carreto -- em carrinho de mão, imaginem -- dos móveis construídos e também na limpeza diária, muita serragem, latas de tinta vazias, restos de jornais. Lá por 1989 já estavam no final do 5, onde hoje é a sede, desde aquela época. Eu só aparecia ocasionalmente, quando o carreto exigia 2 ou para lhes vender espuma, colchonetes salvados de "reciclagem" nos "lixões".

Assim se passaram 10 anos"... diz a canção ! No caso de meu irmão como "empregado-fantasma", sem bater cartão nem assinar ponto, sem fazer hora-extra e aparecendo lá a cada 2 ou 3 dias, foram mais de 20 ANOS, até cessar por completo. Mesmo assim, sempre que o irmão mais velho da Família AIRES nos vê, não hesita em nos presentar de alguma forma. Fico meio constrangido, os créditos (e o merecimento) são todos do irmão gêmeo, entro "de carona" na gentileza e nobreza de Valdo Aires. Nesta azíaga sexta-feira -- que começou bem demais, aos nos encontrar na Feira do 6 -- não foi diferente. Na conversa que se seguiu relembramos fatos e locais ligados à faina do mano antes do trabalho deles vir a se tornar a famosa MÓVEIS CENTER. Não sei o porquê do nome em Inglês, nunca explicaram. Lembrou-se da garagem no 8, mas esqueceu que havia uma espécie de oficina desativada nos confins do 2, por trás de onde fica hoje o hipermercado Formosa, num labirinto de vielas.

Fomos encarregados pelo "Rôni" de limpar o local e transportar as tábuas dali para um casarão na WE 32, perto da loja deles, suponho que de parentes. O bom-senso indicava duas viagens, o "burro sem rabo" não suportaria as tábuas todas, enormes e pesadíssimas. Ignoramos o certo, optando pelo duvidoso. Os pneus arriaram, os rolamentos das rodas "grimparam" e levamos mais de 2 horas com imenso esforço para finalizar a tarefa, que devia ter sido dividida. Os pneus findaram estragados, com prejuízo para e empresa. Jamais reclamaram de nossa "má-fé", preguiça, para ser exato !

"Rôni", nos melhores tempos da Móveis CENTER abriria uma "espécie de concorrência" mais abaixo, na rua WE 34 ou 35 e, um dos irmãos, outra filial lá no 8, ao lado da Feira local. O pai "ampliou" sua quitanda, extensão da casa anteriormente, para uma lojinha debaixo da Caixa d'Água do 5... uma história SÓ DE TRABALHO, exclusivamente trabalho. Nada de assistir RE X PAs, passar a noite em bares, nem os domingos em balneários.

Nem sequer "foram a Buenos Aires", brincadeira minha com o sobrenome dos rapazes. A loja da família, que era só de frango assado ("do tamanho de um passarinho", gozação minha) agora serve comida variada de domingo a domingo, inclusive nos feriados. Atravessaram a avenida Arterial 18, criando outra loja em frente à matriz... trocaram as madeiras nobres, de móveis caríssimos, pelos belíssimos de MDF, MDP, P... "de poeira", porcaria, não valem nada e ainda entopem bueiros, nas ruas.

"Beleza não põe mesa", diziam os antigos... pois agora põe, é só o que vende atualmente. Não duram 1 ano, as prateleiras "se desmancham" no segundo mês, mas é o que o povo quer !

LONGA VIDA à Móveis CENTER... um progresso construído dia-a-dia, um SUCESSO merecido e a prova de que O TRABALHO ENGRANDECE !

"NATO" AZEVEDO (em 2/julho 2023, 10,30hs)