𝐒𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐚 𝐦𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐝𝐨 𝐚𝐫𝐭𝐢𝐬𝐭𝐚…!!!
(…) o que algumas pessoas não sabem é que a menina cujo nome é o mesmo que tem a planta do deserto das terras de Moçâmedes, além de filha, também era esposa no feitiço. Como tal, custa a qualquer boa esposa a partida de quem tinha no seu âmago os nossos segredos. E para aquela cuja morte continua adiada, custa muito guardar os segredos do morto, muito mesmo. Por isso temos de a compreender, tem a sua razão a filha alheia.
Acrescento, quem gostaria que o corpo do seu morto fosse usado para a festa da imoralidade do autor dos decretos? Eu não. Não sei vocês.
O facto ficou que, agora que a alma do de cujo separou-se do corpo, alguns querem comer-lhe os ossos e o tutano também, antes que ressuscite e venha expor vida dos cambomborinhos à « tuchatacalala » como quiseram fazer com velho Saraiva em Pungo-Andongo na cena do feiticeiro e o inteligente.
Mas a complexidade deste xadrez é interessante. A rainha colocou em xeque o Rei vivo. Nem a astúcia dos Cavalos, muito menos a reza dos Bispos, se revelam aptos o suficiente para destruir a armadura defensiva dos Peões, que além de bem arrumados numa ceciliana, contam com a firmeza das Torres.
De qualquer forma, o Chefe tombou, partiu dessa para outra, a alma abandonou-lhe o corpo e foi subordinar-se ao julgamento final. Mais uma disputa rija entre Lúcifer e o Pai de Jesus. Nada mudará, está consumado: é a morte do Imortal. Podem subir as letras e encerrar as cortinas. Mas a fita não terminou, pois nessa cena, o que temos de interessante é que o morto é um Santo, os pelo menos um « dos Santos ». E os Santos Deus quer para si, para armar a sua tropa na luta contra os demónios, acusados de serem a tropa de Lúcifer. Coitados. Não importa se de abelha se trata ou se é marimbondo, se for da equipa dos Santos, já tem Deus na equipa.
Mas como no país da « miséria de um povo rico » e do « sindicato dos esquecidos », sempre a « culpa é dos inocentes », é melhor eu interromper por aqui a minha escrita, afinal, como já não é segredo nesta terra pensar é crime, escrever o que se pensa pode ser um pecado capital conta quem governa, por maioria de motivos inexistentes.
Até aqui, fica por conta de quase nada, o corpo do malogrado de (in) feliz memória, entregue ao pim-pam-pum e para a tristeza dos salalês que vêm assim adiada a sua festa fúnebre.
Terras sem água nem energia de ex-Sá da Bandeira, quarta-feira, 13 de julho de 2022