Parei para ouvir

Eu parei.

Deitei, coloquei os braços sobre o corpo, e parei.

Ouvi meu coração bater;

Ouvi o silêncio;

Ouvi a angústia.

Mas pela primeira vez, não a desprezei.

Arma-lá com atenção duradoura ainda me provocava lágrimas.

Porém já havia há muito me familiarizado com elas.

Anjos e demônios caíram, renunciaram, desvaneceram.

Agora, restava o flagelo da mente solitária.

Parei, e ouvi

O turbilhão da vida particular seguia.

A incumbência de acompanha-lá agilmente se mostrava no entanto perpétua...

Parei, e ouvi

Um envoltório de tantas pessoas

Para um desamparo acurado.

Companhias fantasmas, consolos transparentes, significados vazios...

Parei, e ouvi

Impérios mentais com monarcas incontroláveis;

Coroas de autossabotagem;

E mandamentos desordenados.

Parei, e não quis ouvir mais

A ignorância é uma benção.

Lanka
Enviado por Lanka em 29/12/2023
Reeditado em 29/12/2023
Código do texto: T7964191
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