Ao luar de Rio do Antônio
Alguns dos leitores deste espaço conhecem Rio do Antônio, cidade encontrada no Sudoeste da Bahia ainda ligada por estradas de chão, o trecho da ligação ao asfalto está no distrito de Ibitira, hoje mais populoso que a sede do município, e são 32 quilômetros de poeira, buracos e sinuosidades, coisa que nenhum prefeito por melhor que venha a ser conseguirá resolver, pois demanda recurso que pequenas cidades não têm, resta esperar da rica União ou do Governo do Estado, que a décadas recebem pedidos de um chão preto, que dê dignidade ao aquele pedaço de Brasil.
Rio do Antônio conta hoje 15.600 habitantes em todo município e menos de 5.000 na sede, mas não esperou asfalto para ser conhecida por sua cultura e já 1945, portanto há sessenta e três anos passados, foi palco de um filme hoje reduzido a um curta-metragem: “Queima de Arquivo”, estrelado não menos por Jessy Jessé, que veio a ser esposa do poeta Vinícius de Morais, e senhora que tive a honra de conhecer e com ele participar de um jantar, por ocasião de uma “Vitrine Cultural”, noite de gala da pequena cidade, grande em cultura.
Rio do Antônio, que a pouco mais de uma década passei a conhecer, meu deu a honra de apresentar a noite da “III Vitrine Cultural”, organizada e supervisionada pelo expoente cultural Adebaldo Silveira “Deba”, seu criador. Esta solenidade não acontece anualmente, como a comunidade cultural deseja, em virtude dos grandes custos, pois comparecem centenas de amigos de Rio do Antônio, entre estes Carlos Jeovah teatrólogo e poeta de Vitória da Conquista, um dos que preserva trabalhos de Glaube Rocha.
De longe comparecem visitantes de outros estados, a exemplo do grande declamador Sóstenes Freire “Tote de Nanuque”, MG, como também Evandro Correia, cantor e compositor, que a este último encontro nos faltou, mas virão ele virá, e tomara que em 2009 tenhamos a “IV Vitrine”, será maravilhoso ver o poeta e sociólogo José Valter Pires, irmão de Moraes Moreira, cantado o mote da educação: “O que será melhor no mundo?”
Para mim o melhor do Mundo é estar no mundo em que vivo; estrada de chão, água de cacimba, carne de sol e rapadura, ouvindo viola e palestras da carioca Ivone Boechat, e quem sabe de outros ilustres, como o amigo professor Apolinário. E que tragam máquinas e fotografem a beleza do sertão, e de quebra a coleção de bonecas de pano da professora convidada Delia de Castro (Águia Solitária, neste Recanto das Letras), com mais de mil exemplares, e longe do asfalto que mata pelos carros e assaltantes se encontra paz na terra em que nasceu Anísio Silva, um dos grandes da década de sessenta, da Música Popular Brasileira, com “Relógio”. Digam-me: “Há oh gente ou não, lugar como este no Sertão?”
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Seu Pedro é conhecido como "Jornalista do Sertão", é contra a transposição do Rio São Francisco, e vive os momentos culturais de Guanambi, onde mora, e em Rio de Antônio, como assídou visitante e amigo.