ÁLIBI

Procurastes-me, Senhor,

E não me encontrastes, porque

Eu estive à deriva nas lágrimas,

Querendo saber o porquê de tanta tristeza;

Eu estive a bordo no nariz das pessoas,

Querendo saber o porquê de tanta arrogância;

Eu estive ao redor do umbigo dos homens,

Querendo saber o porquê de tanto egoísmo;

Eu estive nos dialetos das raças,

Querendo saber o porquê de tanta incompreensão;

Eu estive nos guetos, nas praças,

Querendo saber o porquê de tanta fome e marginalização;

Eu estive nos surtos,

Querendo saber o porquê de tanta doença no mundo;

Eu estive nos ais, nos desvãos da alma,

Querendo saber o porquê de tanta dor;

Eu estive nas alamedas, nas margens,

Querendo saber o porquê de tanta violência;

Eu estive no clímax, no auge, nas badalações,

Querendo saber alguma coisa, um alento, uma força,

Mas não me contive, não encontrei satisfação;

Eu estive nas vertentes da história,

Querendo saber o porquê das ocorrências, dos fatos

E perdi a direção, o elo, a palavra...

Eu estive no cerne de tudo:

Procurei a sondagem, os elãs,

Só encontrei escuridão!

Eu estive, permaneci, implorei, chorei, chamei...

Eu estive nos túneis, nos caminhos,

No coração de todos os cativos, dos aflitos,

E não tive êxito, malogrei!

Porque esqueci de olhar para dentro de mim

E saber que contribuo para a real certeza

De tudo isto.

Eis-me aqui, Senhor!

Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino
Enviado por Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino em 28/12/2023
Código do texto: T7963763
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