A estante
Ainda é preciso dizer? Melhor não arriscar... A crônica começa na linha abaixo e contêm ironia.
Estranho como nessa terra plana o Sol aparece cinco e meia da manhã na minha janela atrapalhando meu sono e só vai lá pro Oeste quando é quase oito da noite. A Lua, na sua paralaxe típica fica linda pintada de amarelo pela atmosfera poluída sob a redoma pintada com estrelinhas que o cidadão de bem tira foto e posta no face com uma mensagem de algum autor medíocre de livros espíritas ou de autoajuda que retroalimentam a ignorância e o ódio.
Faz parte da peleja.
Depois de lavar o rosto e arrancar as ramelas que vão ralo abaixo, confiro minha biblioteca particular. Sem métodos decimais ou universais os livros estão caoticamente jogados nas prateleiras. Deixo pra organizar amanhã.
Distraído pelo celular recupero a consciência situacional ao ver meu gato preto expulsar da rua uma matilha de cães à tapa em frente de casa enquanto tomo a fresca na calçada. Fogem ganindo com os rabos entre as pernas enquanto o bichano solta patadas e sorri mostrando as presas. Acho graça e toco o felino pra casa.