AS CEREJAS DA VIDA
Devemos aprender a degustar os reais sabores da vida. O simples gesto de enviar um buquê de flores, no dia dos namorados, a quem você ama faria a diferença. No aniversário de casamento, seria fascinante levar a esposa a um jantar à luz de velas para trocar confidências íntimas; para achar graça da timidez que os cercava no início do namoro; para menosprezar os desencontros; ou para rir das brigas idiotas, deixadas para trás. Encontros com almas abertas, isentos de cobrança e fiscalização, revigorariam o relacionamento. Seria incalculável o ganho de felicidade se, em seus momentos de lazer, despendesse alguns minutos para jogar videogame com o filho; para escutar o seu moleque dizer que está ficando com a menina do vizinho; para mostrar preocupação quando a filha se revela apaixonada pelo garanhão mais lindo do condomínio e ele não está nem aí para ela. Que maravilha acompanhar o crescimento dos netos, voltar a ser criança, tornar-se arteiro novamente. Levá-los à aula de inglês, natação ou tênis. Aconselhá-los. Instruí-los sobre as malandragens da vida. Muitas vezes, eles preferem ouvir mais os avós do que os pais. Buscar as netas mocinhas nas baladas, pois os pais estão por demais cansados das tarefas diárias. Tudo isso são deliciosas cerejas que, no dia a dia, deixa-se de saboreá-las. São valores esquecidos na ânsia de se superar financeiramente. São pequenos atos que, mesmo parecendo insignificantes, vêm revestidos de um expressivo grau de relevância, mas, lamentavelmente, não encontram espaço na agenda de compromissos.
(Texto extraído do livro ROMEU NO MUNDO MEU que estarei lançando em breve.)