TEILHARD DE CHARDIN. “MISSA SOBRE O MUNDO”. CENTENÁRIO. ANO NOVO.

Estou rejuvenescido agora, quando se festeja o centenário da “Missa Sobre o Mundo” do combatido místico Theilhard de Chardin, artífice de obras máximas que frequentei no vestibular de minhas incursões literárias, bem jovem.

A visão cósmica do grande religioso não lhe permitia as infantilidades clericais e muito menos não sentir a realidade imposta ao homem.

Fé não é mero mergulho cego nas abordagens sacralizadas por uma instituição humana e por isso política; a Igreja.

A obra de Teilhard alimentou o âmago das grandes celebrações doutrinárias de teólogos e pontífices como Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI. São muitos os estudiosos da Missa de Teilhard. Entre eles João Paulo II.

Quando do quinquagésimo aniversário de sua entronização, ordenado Sacerdote, o Pontífice se valeu da Missa de Teilhard para dizer o que a Missa significava para ele: a Eucaristia é "para oferecer sobre o altar da terra inteira o trabalho e o sofrimento do mundo" , segundo o grande Pontífice uma bela expressão de Teilhard de Chardin". O simbolismo da realidade se expressa com força.

Na Carta Papal, encíclica Ecclesia de Eucharistia (2003), ele descreve o "caráter cósmico" da Missa, quase repetindo de sua própria vida a experiência de Teilhard:

"Quando penso na Eucaristia, olhando para minha vida como sacerdote, como bispo, como Sucessor de Pedro, vem-me espontaneamente à mente tantos momentos e tantos lugares em que me foi concedido celebrá-la. Lembro-me da igreja paroquial de Niegowić, onde desempenhei meu primeiro cargo pastoral, a colegiada de São Floriano em Cracóvia, a catedral de Wawel, a basílica de São Pedro e as muitas basílicas e igrejas de Roma e do mundo inteiro. Pude celebrar a Santa Missa em capelas colocadas nos caminhos de montanha, nas margens dos lagos, nas margens do mar; celebrei-a em altares construídos em estádios, nas praças das cidades... Esta cena tão variada das minhas Celebrações Eucarísticas me faz experimentar fortemente o seu caráter universal e, por assim dizer, cósmico. Sim, cósmico! Porque mesmo quando é celebrada no pequeno altar de uma igreja rural, a Eucaristia é sempre celebrada, de certa forma, sobre o altar do mundo. Ela une o céu e a terra. Abrange e permeia toda a criação" (João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, 8).

La Messe sur le Monde, Missa sobre o Mundo de Chardin, mostra o que a dificuldade sonega ao entendimento.

Chardin empresta à timidez da compreensão o realismo da matéria onde o espírito sublima e supera.

Reflexão apossada por Teilhard pelo impedimento da manipulação das espécies da Santa Missa em pleno deserto dos Ordos, quando de expedição científica, no momento do ofício Eucarístico. Era, ao que parece, o dia da Transfiguração, festa que lhe era particularmente querida. Pôs-se então a refletir sobre a irradiação da Presença Eucarística no Universo.

Deixava claro distinguir a presença do Corpo de Cristo ocorrente, sempre fruto na transubstanciação, exclusivamente com a presença universal do Verbo, E QUE REPITO ATÉ HOJE E SEMPRE, DE QUEM NÃO ESCREVEU UMA SÓ PALAVRA, e o VERBO ECLODE PERMANENTEMENTE “sobre o mundo”.

A sua fé no mistério eucarístico não era apenas febril e alimentada por substância material, como se vê na aflição de haurir para ser espírito, no Pão e no Vinho, mas por substancioso espírito derramado NO MUNDO pelo sacrifício cristianizado, e que se repete a cada instante nos sofridos e deserdados da sorte.

Fé forte e realista, plena para descerrar consequências ou, como ele dizia, “dos seus prolongamento e das suas extensões”.

Vivemos o individualismo que ensombra o ensino cristão um tanto velado pela tradição católica. O padre Teilhard escrevia além, e tanto e muito, para situar o grande sentido do Cristo em seu sacrifício, chamava atenção para uma Igreja que lhe barrou a dicção pela punição do "silêncio obsequioso", Igreja que se perde hoje em palmas e recepções não formais , não protocolares, mas festivas, para ditadores, apenados e usurpadores.

É o “Altar do Mundo” da controvertida instituição «Quando Cristo desce sacramentalmente entrando em cada um dos seus fiéis, não apenas para conversar com ele [...] quando diz, por meio do sacerdote: "Hoc est corpus meum" ; estas palavras, que transbordam e vão além do pedaço de pão sobre o qual são pronunciadas. e fazem nascer o Corpo Místico na sua completude. Para lá da Hóstia transubstanciada, a operação sacerdotal estende-se ao próprio Cosmos.

Sem pão ou vinho lá estava Theilhard de Chardin em sua comunhão íntima com o Corpo de Cristo, vendo-O mais que qualquer frequentador da mesa eucarística, transfigurado para um mundo insensível e ególatra.

Que no novo ano que se segue a esse formidável centenário, que possam os de verdadeira ascese irradiar compreensão para os que não compreendem a realidade do SACRIFÍCIO DE JESUS.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 27/12/2023
Reeditado em 27/12/2023
Código do texto: T7963114
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