LIÇÕES DOS INIMIGOS... PARTE II

Aprendemos... se quisermos aprender e crescer, muito mais com os inimigos do que com os amigos. Porque muitas vezes, os amigos, com receio de ferir suscetibilidades, se abstém de fazer comentários que poderiam até salvar nossas vidas, com todos os detalhes e sem pudor de esconder absolutamente nada, os inimigos, tanto quanto os parentes que são antagonistas, desempenham um papel fundamental na superação individual de cada um, para seguir adiante.

Abaixo segue, o

“RETRATO DE VOLTAIRE!”(1)

Descrito por um desafeto seu... Um inimigo, para melhor expressar a narrativa: (1735), “obs.: atribui-se o seguinte relato a um certo Alexis Piron, que obviamente, odiava o filósofo!”

(Continua) (...)”Nascido poeta, os versos lhe causam muito pouco. Essa facilidade o prejudica; abusa dela e não entrega quase nada pronto. Escritor fácil, engenhoso, elegante, depois da poesia, seu ofício seria a história, se fizesse menos raciocínios e nunca fizesse paralelos, embora às vezes esses paralelos sejam bastante felizes.’

Voltaire, em sua última obra, quis seguir o modelo de Bayle (2), procura copiá-lo ao mesmo tempo que o recrimina. Há muito tempo se diz que para ser historiador sem paixão e sem preconceito , seria necessário não tivesse nem religião nem pátria. Nesse ponto, Voltaire, caminha a largos passos para a perfeição. Não se pode acusa-lo de ser partidário de sua nação; pelo contrário encontra-se nele um tique que o aproxima da mania dos velhos. Os bons elogiam sempre o passado e se sentem descontentes com o presente. Voltaire, está sempre descontente com seu país e elogia até o excesso o que está a mil léguas dele. Quanto a religião, nota-se claramente que é indeciso a respeito. Sem dúvida, ele seria o homem imparcial que se procura, sem um pouco de fermento de antijansenismo levemente marcante em suas obras.’

‘Voltaire, conhece muito de literatura estrangeira e francesa e dessa erudição mesclada que está tão à moda hoje em dia. Político, Físico, Geômetra, ele é tudo o que quiser, mas sempre superficial e incapaz de profundidade. Entretanto, é preciso ter o espírito muito arguto para abordar como ele, todas as matérias. Tem o gosto mais delicado que seguro. Satírico, engenhoso, mau crítico, gosta das ciências abstratas e não porque se surpreender com isso. A imaginação é seu elemento, mas, não possui o espírito inventivo e nisso todos se surpreendem. Recrimina-se nele por nunca estar num meio termo racional, portando-se ora como filantropo ora como crítico exagerado, Para dizer tudo numa palavra: VOLTAIRE QUER SER UM HOMEM EXTRAORDIONÁRIO, E ELE, O É CERTAMENTE...’

‘Non vultus, non color unus(3)”

- (1) François-Marie Arouet - VOLTAIRE, foi escritor, historiador e filósofo iluminista francês. Conhecido por seu nome de plume M. de Voltaire, ele era famoso por sua sagacidade e suas críticas ao cristianismo — especialmente à Igreja Católica Romana. Nascimento: 21 de novembro de 1694, Paris, França - Falecimento: 30 de maio de 1778, Paris, França.

-(2) Pierry Bayle - (1647-1706) – Escritor francês.

-(3) Extraído de ENEIDA – Virgílio – “Não um só rosto, não uma só cor!”

JFTorres
Enviado por JFTorres em 25/12/2023
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