O ano das insignificâncias
Começamos 2023 com um pezinho cravado no esquerdo. Em janeiro já amargava uma injustiça no ambiente de trabalho e previa um ano de difíceis convívios, não estava equivocada, assim foi e assim os dias ficaram um poucos mais pesados. Mas um ano que é para ser ruim corre logo, acaba quando menos se espera. E se começa ruim, termina ruim, geralmente é uma notícia que derruba a família, e assim vai sendo.
Fato é que não houve nada de extraordinário, nenhuma viagem espetacular, nenhum prêmio na loteria, ainda não fiz um cruzeiro e muito menos viajei à Itália ou ao Camboja, meus dois sonhos na vida.
Entretanto, este não é um muro de lamentações, muito menos estou reclamando aquilo que não considero mais importante que as miudezas! É preciso se habituar com as insignificâncias e olhando bem de perto, não foi tão insignificante assim. Duas boas viagens com a família, leituras viscerais, encontros ótimos, gargalhadas curativas! E é daí que a gente vai extraíndo o sumo da vida, dessas pequenas coisinhas que enchem a jornada de significados e vão minando a força dos infortúnios.
Se digo que foi o ano das insignificâncias, é porque coloco as coisas ruins tão insignificantes quanto as que me fizeram feliz. Encontrei nos momentos mais simples o maior amor do mundo, a beleza mais esplêndida, a felicidade genuína. O que era para ser ruim não me derrubou e o que não estava previsto para para ser tão bom assim, foi a cura para todos os males!
2023 vai findando discreto, sem grandes acontecimentos, nem pra mais, nem pra menos. Todos tivemos problemas, todos tivemos dores, dificuldades, chateações, mas todos também tivemos momentos de ternura, felicidade, amor, esperança. E é com ela que me agarro para que o próximo ano seja bom. O bom já é suficiente. Se for insignificante como este então, será bom demais! Pois é nas insignificâncias que a vida se enche de aprendizado e, pasmem (!) significados.