Já te encontrei surrada, de voz encardida e senil. Já te encontrei num chão puído e arredio. Já te encontrei buscando tecos de ar, nalgum canto. Já te encontrei entulhada de porquês, de entãos, de sei-lá-o-que-for. Já te encontrei poderosa, com aplausos roubados dos céus. Já te encontrei escondendo meus rastros nas veias proibidas. Já te encontrei entulhada de recalques e sonhos desmerecedores. Já te encontrei buscando algo que me fizesse mulher em ti. Já te encontrei desanuviada, desmascarando Deus. Já te encontrei suada e sugada pelos nossos próprios vãos. Já te encontrei aguçada, rodopiando num eixo sem parar. Já te encontrei em frangalhos e absolutamente linda assim. Já te encontrei estraçalhando o que fedia em todas criaturas. Já te encontrei voraz num cantar escrachado e sedutor. Já te encontrei devorando moinhos, feridas e porões. Já te encontrei desossada, parindo o melhor de mim.