O ÚLTIMO NATAL (?)

Em 2011 eu escrevi um texto " A última ceia de páscoa" Embora seja uma história fictícia, com personagens fictícios, os nomes usados para cada personagem, o local do enredo, os textos bíblicos e as comunidades religiosas citadas são todos verdadeiros no contexto da narração.

Trata-se de um coronel que sofria de uma enfermidade cardíaca grave, que precisaria de uma cirurgia urgente com mínimas chances de sobrevivência fazendo ou não a cirurgia. Argumentando com a equipe médica, o coronel queria deixar a intervenção cirúrgica para depois do domingo de páscoa que se aproximava mas foi demovido da ideia pela urgência do caso e a cirurgia seria inexoravelmente necessária e inadiável.

Inconformado, mas confiante e esperançoso, o Coronel faz uma reza para a imagem de Nossa Senhora pedindo a intercessão dela, quanto ao seu desejo de poder celebrar a sua última ceia de páscoa. A cirurgia delicada durou cerca de vinte horas e neste período o Coronel teve a visão de estar conversando com Deus fazendo o seu pedido pessoalmente.

Após um pequeno diálogo com Deus, em sonho, o coronel pede a resposta do Altíssimo naquele momento, mas o Altíssimo diz prontamente a ele que a resposta só será dada no tempo divino, e o coronel receberá a resposta no tempo dos homens; e de fato o nosso tempo é totalmente diferente do tempo cósmico indubitavelmente.

A cirurgia transcorreu com sucesso e já havia se passado um período de 30 anos após a cirurgia e na atual ceia de páscoa , realizada naquele domingo de Páscoa,

o Reverendo Abel discorreu sobre todos os últimos momentos que nós seres viventes teremos na nossa vida! E de fato se tivemos o nosso primeiro momento é crivel que teremos o nosso último, naturalmente e sem direito a um próximo.

Eu jamais havia imaginado que do natal 2022 pra cá, depois do diagnóstico cardíaco que eu tive, que a história fictícia escrita em 2011 fosse tornar uma história real na minha vida. A ficção tornando-se realidade e nunca havia passado pela minha cabeça que um dia a hereditariedade cardíaca que vitimou algumas das minhas tias e a minha mãe, me colocaria à prova de vida deixando-me na expectativa de que cada natal de agora em diante possa ser o meu último natal.

Não cabe a mim entrar em desespero porque isto faz tempo da dialética da vida. Milhões de pessoas já tiveram o seu último momento e outros terão também o seu último natal sem sombra de dúvidas. O importante é que em cada minuto , que em cada hora, que em cada dia, que em cada semana, que em cada mês e anos demos o melhor de nós para nós e para o próximo, procurando sempre viver em harmonia e harmonizar as vidas.

Que o natal não seja apenas para encher a cara de bebidas e a barriga de alimentos exagerados, com palavras carregadas de muita beleza e cheias de falsidades, como se todas as rudezas realizadas durante o ano sejam apagadas apenas no dia 25 de dezembro, que aliás é uma data fictícia para comemorar o nascimento de Cristo, que na verdade, apesar do sentimentalismo que aflora de nós, por causa dos últimos dias do ano, é mais uma fonte inesgotável do capitalismo para movimentar o grande montante financeiro.

O natal roda a economia dos países capitalistas e não capitalistas, mas não impede as maldades da humanidade que não está nem aí para o planeta terra e nem para a própria humanidade. Talvez este seja o último para muitos e mais um para tantos outros. É a lei da existência!

FELIZ NATAL A TODOS