As perguntas que muitos fazem
Leitores de livros costumam ter preferências e gostos específicos. Na lida com os livros, adquirem alguns hábitos que carregam ao longo da vida. Hábitos que se fortalecem nos contatos feitos em bibliotecas, em livrarias e com pessoas apaixonadas pelo assunto ou que trabalham na área: jornalistas, críticos literários, professores etc. Nesse processo, compartilham ideias, leituras, impressões e expandem sua compreensão da vida e do mundo. Muitos têm rotinas peculiares, próprias e originais, mas a heterogeneidade é tão grande que fica até difícil encontrar elementos comuns nesse universo tão especial.
Quem gosta de ler tem o costume de juntar livros. Há exceções. Esta atitude não significa necessariamente um caráter acumulador, possessivo ou de mero colecionador. Tem quem compre livros por peso, mas esses não costumam se definir como leitores, e boa parte deles não se importa com a imaginação, as paixões e as angústias dos outros. Muitos perguntam: você precisa mesmo de tantos livros? Os admiradores de livros não se contentam com um livro apenas. Embora existam os que reduzem suas experiências leitoras a um único livro, a maioria dos leitores não se resume a um só volume. Compreendem que a riqueza está na diversidade das histórias, dos gêneros, das posições políticas, dos estilos e das linguagens.
Nas casas onde há leitores, um móvel imprescindível é a estante de livros. Aliás, várias estantes, de todo tipo: grandes, pequenas, sofisticadas ou simplórias. É preciso abrigar e, se possível, organizar, facilitar a consulta. Imprescindíveis, mas não indispensáveis, estantes ou prateleiras de livros podem ocupar qualquer lugar, em qualquer canto: nas salas, nos quartos e até na cozinha. As prateleiras podem ser de madeira, de metal, apoiadas em tijolos, fixadas nas paredes e até compor móveis chiques e solenes, com porta de vidro e entalhes. O que importa são os livros e quem os manuseia, lê e compartilha seu conteúdo.
As estantes chamam a atenção de quem entra num ambiente onde elas estão presentes. Sua aparente solenidade impressiona, às vezes assusta. Algumas perguntas tornaram-se clássicas: por que você tem tantos livros? Já leu todos? Você não gosta de música? Você gosta de música esquisita ou de música “normal”? Você vai a bares? Você não fica zonzo de tanto ler? Quanto tempo você leva para ler um livro grosso? Você prefere ler a sair e se divertir? Se deixar, as perguntas seguem indefinidamente, dias afora.
Dá vontade de retrucar: por que você faz tantas perguntas? Mas deixa a pessoa se soltar, deixa revelar seu espanto com a grande variedade de títulos, de assuntos, de autores e autoras, com a fantasia e a criatividade humana. É claro que alguns olham com desconfiança, outros com desdém, muitos com admiração. O que não se deve fazer é perder a chance de se conquistar mais gente para o mundo da leitura.